Outro fenômeno ainda mais interessante na região é a aurora boreal, que pode ser avistada durante os meses de inverno. Durante essa estação, a aurora pode ser vista quase todas as noites, caso o céu não esteja nublado. E essa é a complicação pois dias e noites nubladas e com muita neve caindo são a maioria durante o inverno por lá. E com o desejo de ver a aurora, eu e a Rocio decidimos passar uma semana por lá.
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Caminhando pela cidade |
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Bandeira da Lapônia |
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Os Sami |
Como já mencionei, a Lapônia é bem grande e escolher aonde ir é mais ou menos como querer visitar uma praia do nordeste do Brasil. O leque de opções é imenso. O que levamos em conta é que como é difícil ver a aurora, não queríamos fazer uma viagem pensando exclusivamente nisso, pois caso não conseguíssemos ficaríamos bem decepcionados. Inicialmente pensamos em ir à Tromsø, na Noruega, mas acabamos mudando de idéia pra tentar fazer uma viagem mais barata. A segunda idéia era Rovaniemi, na Finlândia, mas preferimos algo mais com cara de vila pequena mesmo. Algo importante de se observar é que os países escandinavos já são bem caros e os preços sobem ainda mais no norte. A Noruega é absurdamente cara enquanto a Finlândia e a Suécia são um pouco mais em conta. Acabamos escolhendo a vila de Saariselkä por estar próxima ao parque nacional Urho Kekkonen, assim teríamos bastante coisa para se fazer durante o dia e tentaríamos ver a aurora durante à noite. O legal do parque é que te permite fazer algumas atividades sem pagar nada.
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A maneira mais fácil de chegar à Saariselkä e voar até Ivalo (o aeroporto mais ao norte da Europa) e depois seguir de ônibus até lá. A viagem de Helsinki, capital da Finlândia, à Ivalo dura um pouco mais de uma hora e a viagem de ônibus até Saariselkä leva 20 minutos a mais e custa €10. Nos hospedamos em um hotel chamado Saariselkä Inn, que fica bem no centro da vila. Existem várias opções mais afastadas, inclusive com teto de vidro para ver a aurora. Mas como não iríamos alugar carro preferimos um lugar mais central. A idéia de alugar carro é interessante já que te dá muito mais liberdade. Nos permitiria dirigir até o oceano ártico ou até Rovaniemi, mas não me animei muito a dirigir pelo gelo não!
Já chegando ao aeroporto vimos uma quantidade absurda de neve e essa é a realidade da cidade por no mínimo 6 meses por ano, já que os invernos na região são bem longos. Para ser ter uma idéia, a temperatura média por lá durante o mês de janeiro é -15°C! E isso é temperatura média. Antes de chegarmos eu estava até preocupado pois poucas semanas antes, a temperatura estava sempre em -25°C ou -35°C, e nós não temos roupa pra tanto frio. Mas por sorte, durante nossos dias por lá a temperatura se manteve bem mais amena.
Mas vamos ao mais importante, o que fazer por Saariselkä!
Como já disse, a atividade mais concorrida durante à noite é "caçar" a aurora. Como a poluição luminosa atrapalha, o ideal é se afastar alguns quilômetros da cidade. As agências de viagem faziam passeios em snowmobile, renas ou ônibus. Os preços eram muito salgados, em torno de €100 ou mais, o que me pareceu um assalto à mão armada. E o que é pior, se você não ver a aurora eles não te devolvem o dinheiro, o que é comum em outros lugares. Acabamos encontrando uma trilha pra se fazer caminhada durante a noite que nos levava a um mirante chamado Aurora. Era só seguir ao sul da cidade e seguir as placas que te guiavam até lá. E que mirante! O lugar era grátis, com sofás de couro e até lareira! O lugar parece o lobby de um hotel de luxo e tudo grátis! Eu fiquei imaginando quanto tempo isso duraria pelo Brasil...
Apenas conseguimos ver a aurora durante a segunda noite da viagem, e mesmo assim não foi tão forte, já que o céu estava um pouco nublado. Uma dica importante é que câmeras de celular não servem pra tirar foto, com exceção de alguns apps especiais que tem um resultado bem mais ou menos... Eu usei um app chamado Northern Lights e apesar de ter um resultado razoável eu tinha que segurar o celular durante uns 15 segundos (que é o tempo que o app leva pra tirar a foto) enquanto a mão congelava.
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15 minutos depois, um pouco mais fraca |
A atividade mais comum durante o dia é o cross country ski. Há mais de 200 km de trilha por lá. Eu já tinha visto algumas pessoas praticando em outros lugares mas por lá essa modalidade é a mais comum. Pra quem não conhece, a idéia do cross country é um ski para caminhada, lembrando que no inverno é praticamente impossível caminhar normalmente pelas trilhas. O ski só agarra a sua bota na parte da frente, deixando o calcanhar livre. Além disso, o equipamento é muito mais leve e confortável do que o de ski alpino (o de descer montanhas).
Eu e a Rocio decidimos testar quando fomos a Kiilopää, lugar de que falarei mais adiante. Ao alugar o equipamento o atendente nos perguntou se já o havíamos feito e lhe dissemos que apenas ski alpino. Ele sorriu e nos disse que ski alpino e cross country não tinham nada a ver! Ficamos um pouco receosos mas decidimos tentar. E não é que algumas horas depois totalizamos mais de 10 km de trilha em nosso primeiro dia. E a verdade é que achamos a atividade bem legal. Eu tinha um pouco de preconceito antes e achava meio chato mas depois que provei, adorei. Durante a trilha nevava bem forte e algo bem legal e comum por lá são refúgios no meio da trilha. Os refúgios são casinhas de madeira com uma lareira no meio. E o costume local é levar salsichas e linguiças e assá-las por lá. Nós não conhecíamos esse costume e ficamos comendo nossos sanduíches com um pouco de inveja dos locais!
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Tentando agarrar a mão do cross country |
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Refúgio pelas trilhas |
Outra atividade é o ski alpino, já que há uma estação por lá. Infelizmente a elevação é muito pouca e as pistas são bem curtas. O legal é que como neva bastante, a qualidade da neve é incrível. Há também um ski park com muitas rampas, corrimões e tudo o que você imaginar, garantindo que o lugar não seja apenas para principiantes. O passe custa mais ou menos €30 por dia. Na estação também são realizadas muitas competições de esportes de neve. Inclusive enquanto estivemos por lá assistimos a uma competição de curly (divertidíssimo! cough! cough!) e patinação.
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Eu disse que havia muita neve? |
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Rocio com uma casa mostrando a tradicional arquitetura indígena local |
E outra atividade bem comum é a sauna! Pra quem não sabe, a Finlândia é o país das saunas. Sauna, inclusive, é uma palavra Finlandesa. Há por lá mais ou menos 3 milhões de saunas para uma população de mais ou menos 5,5 milhões de habitantes! E a maneira deles de desfrutar a sauna é bem diferente da sauna. Primeiro, as pessoas entram completamente nuas! A exceção são as saunas mistas. Mas apesar de não haver visto, escutei que nas mais tradicionais também se entra nu. A temperatura é muito mais alta do que eu estava acostumado, entre 75°C e 100°C! E depois de um tempo na sauna, você sai para para um lugar frio, o que dependendo da estação envolve banho em um rio congelado!
A sauna mais legal que vimos ficava em Kiilopää. A sauna era do tipo tradicional e usava lenha para aquecer as pedras. O local era um cômodo que olhando pelo lado de fora parecia minúsculo, mas dentro haviam mais ou menos 20 pessoas. A sensação era de claustrofobia total já que com exceção de alguns leds amarelos pras pessoas não tropeçarem nas escadas, não havia luz! A temperatura era 100°C e cada vez que alguém jogava água nas pedras subia uma onda de calor que tornava impossível respirar por alguns segundos! E depois de alguns minutos por lá o meu corpo estava tão quente que eu saia para fora e suportava a neve e até o lago congelado sem problemas.
E algo bem legal da sauna é que era o legal mais fácil pra bater papo com os locais. Peguei inclusive muitas dicas de atividade por lá. O pessoal se surpreendia um papo quando descobria que eu era do Brasil e a pergunta inevitável era: - o que você está fazendo por aqui? Rs.
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Lago congelado pra esfriar o corpo depois da sauna |
Além dessas opções de atividade as agências de viagem ofereciam muitos passeios legais. Acabamos não fazendo nenhum pois achamos os preços salgados. As opções eram muitas e havia por exemplo: pesca em lago congelado, passeios de snowmobile de todos os tipos inclusive com a opção de chegar ao oceano ártico, caminhadas com raquetes, passeios de renas e uma outra infinidade de coisas!
E apesar de não ser tão grande quanto Rovaniemi, por exemplo, Saariselkä tinha seu charme. Além de estar próxima ao parque nacional Urho Kekkonen, a cidade conta com uma infraestrutura razoável para o seu porte. Tomamos bastante cerveja local (péssima! rs!) e comemos carne de rena. Aliás, esse é o tipo de carne mais comum por lá. O pub Panimo tinha uma noite razoavelmente agitada e quase sempre contava com música ao vivo.
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Nada como esquiar no meio de uma nevasca |
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No mirante da estação de ski |
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No café Porotupa |
Finlândia - Saariselkä na Lapônia - FINAL