Após procurar a melhor solução para viajar desde a Colômbia até o Panamá, que não envolvesse pagar uma fortuna em uma passagem de avião em cima da hora, descobri que a melhor maneira de viajar era de barco. O que escutava é que haviam barcos de comércio que faziam o trajeto Cartagena - Porto Belo (Panamá) e que também levavam passageiros. Não encontramos informação confiável em nenhum site e por isso decidimos ir ao porto e a marina e perguntar. Após muito rodar encontramos um capitão colombiano que iria sair no dia seguinte no barco Odissey II e nos fez um preço razoável, muito mais barato do que a passagem de avião. A viagem demoraria 5 dias desde Cartagena até Porto Belo passando pelo arquipélago San Blas e incluía todas as refeições. Pareceu um bom negócio e aceitamos, apesar de um suíço que conhecemos durante a procura e nos recomendou não fazer a viagem nesse barco porque segundo ele, que dizia ter experiência em navegação, o barco não contava com alguns dispositivos de segurança...
No dia seguinte começamos à viagem, após 5 horas esperando o capitão no pier... E conhecemos o restante do grupo: uma holandesa, um casal alemão, um casal português, uma peruana que mora na França, um colombiano, eu e meu amigo, o capitão e um ajudante que era indígena da tribo local, chamada Kuna, e falava sua língua nativa chamada Guna e muito pouco espanhol . A viagem começou durante à noite e apesar do barco ser um veleiro tivemos que usar o motor quase todo o trajeto devido aos poucos ventos. Após quase dois dias de viagem em mar aberto chegamos às ilhas do arquipélago de San Blas e a melhor maneira de descrever o lugar é: paraíso tropical. São mais ou menos 365 ilhas, uma para cada dia do ano. Água morna e transparente e ilhas de areia branca rodeados por coqueiros. Poucas ilhas são habitadas e seus únicos habitantes são indígenas Kuna. O melhor a fazer é olhar as fotos abaixo para entender do que estou falando.
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Veleiro em San Blas
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Estrela do mar em San Blas |
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Uma das ilhas do arquipélago de San Blas |
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Bandeira do Panamá |
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Começo da viagem Cartagena - Porto Belo |
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O capitão e uma viajante pescando o almoço |
A viagem seguiu bem tranquila por esse paraíso tropical com algumas paradas em três ilhas, sendo apenas uma delas habitada, e também paradas para fazer snorkel, o que me rendeu uma baita queimadura nas costas. Lição: snorkel só de camiseta. As refeições envolviam muitas frutas tropicais e o que conseguíamos pescar nós mesmos. E algumas vezes um ou outro indígena aparece em sua canoa e nos vendia frutos do mar. A viagem foi tão legal que a única dúvida que fiquei seria qual é o grande negócio do capitão? Ele dizia que transportava e vendia café colombiano no Panamá. Mas a quantidade de café no barco era minúscula, o que me fez pensar que o comércio dele era outro... Bem, melhor não saber. Outro detalhe que me fez repensar a finalidade do barco é que os Kunas são conhecidos por se envolverem no tráfico de drogas e o próprio indígena que estava no barco com a gente dizia que seu sonho era vender uma grande quantidade de cocaína pra não precisar mais trabalhar... Cada um com seus planos!
O grupo da viagem se deu super bem e nos divertimos muito. Até o capitão se misturava com a gente. Os pormenores da viagem foram o próprio capitão que era muito desorganizado e tivemos inclusive que fazer uma parada para comprar suprimentos que ele havia se esquecido de trazer e a pouca água doce disponível para banho. Mas bem, à respeito da segunda não posso reclamar pois é algo já esperado para um passeio razoavelmente barato.
San Blas é um dos lugares mais lindos que já vi e recomendo à todos. Foi o que mais gostei no Panamá, sem dúvida. Mas como tudo que é bom dura pouco, após cinco dias de viagem chegamos à Porto Belo. Nos despedimos do capitão Juan David e todo o grupo subiu em um chicken bus com destino a Colón.
A idéia era chegar em Colón somente para tomar o trem que cruza o país desde o Atlântico até o Pacífico, chegando à capital: Cidade do Panamá. Colón é conhecida por ser extremamente insegura e enquanto esperávamos o trem saímos apenas para conhecer a zona franca. E digo somente conhecer porque era um feriado e muito poucas lojas estavam abertas. A viagem de trem custou mais ou menos U$25 e durou 45 minutos. Ou seja, cruzamos o Panamá de oeste à leste a baixa velocidade em menos de uma hora. Nesse momento eu entendi porque o canal foi feito lá! A viagem foi interessante com uma vista do canal e dos barcos imensos que o cruzavam durante quase todo o trajeto.
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Chicken bus em direção à Colón |
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Trem desde Colón à Cidade do Panamá |
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Canal do Panamá |
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Trem cortando o canal do Panamá |
O passeio de trem foi divertido mas o mais legal foi a chegada ao lado do pacífico aonde ficamos à observar o canal funcionando com todos seus diques e elevadores em funcionamento enquanto o canal funcionava. Existe também uma espécie de museu que conta toda a história do canal. E nos contaram também sobre a obra de ampliação do canal já que alguns mega cargueiros dos dias de hoje tem dimensões que superam as do canal. A obra deveria levar mais ou menos 10 anos e é a primeira grande intervenção desde que o canal passou de mão estadunidenses para panamenhas.
Nosso grupo seguia unido, sem nenhuma baixa, desde as ilhas San Blas e acabamos nos hospedando todos no mesmo albergue, chamado Luna's Castle. Apesar do nome não há nada de castelo, mas sim uma casa gigante em estilo colonial. O albergue era recomendado pelo Lonely Planet e tinha uma área comum bem legal com mesas, churrasqueira e bar vendendo cervejas Atlas e Balboa por U$1. Aliás, a moeda oficial do Panamá é o dólar, a única diferença à respeito da original dos EUA são as moedas que tem outros desenhos e são chamadas Balboa.
Exploramos um pouco a Cidade do Panamá com um guia local que nos fez um bom desconto devido ao grupo que era grande e passamos pelo centro histórico e depois pela parte nova aonde estão os mega arranha-céus. O contraste entre os dois lados é grande e mostra um país que apesar de ter abraçado a globalização com uma economia bem aberta mantén suas raízes. Os ônibus coletivos no melhor estilo "chicken bus", por lá são chamados "diablos rojos", e estão fadados a desaparecer já que logo serão substituídos por outros mais modernos. A economia do Panamá cresceu impulsionada pelo canal e hoje é um pólo financeiro e porque não dizer de lavagem de dinheiro!
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Centro histórico de Cidade do Panamá |
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Mas bem, após essas semanas explorando Colômbia e Panamá era hora de voltar. A viagem por San Blas se estendeu mais do que imaginávamos e não deu pra ir ao norte do Panamá. Fica pra próxima!
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Jantar de despedida
Colômbia e Panamá - Final
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