segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Após 3 semanas havia chegado a hora de me despedir de Mohammad, que viajou comigo por toda a Índia, e seguir viagem ao Sri Lanka. No taxi ao aeroporto outra vez o taxista veio com a conversa de sempre de que quando havíamos combinado o preço da corrida ele havia se enganado e me passado um preço mais barato e de que o preço na verdade era mais caro. Eu também usei a mesma tática de sempre - dizia que sim pra não correr o risco de ser largado no meio da estrada e ao chegar pegava a mochila, lhe pagava e saía rapidamente enquanto o taxista ficava reclamando sozinho. O meu amigo também teve o mesmo azar, mas no caso dele o taxista não queria entregar sua mochila. Ele me contou que acabou virando um bate boca feio que só acabou quando ele ameaçou chamar a polícia. Nessas horas eu sempre lembro o que um amigo me dizia de que é melhor confiar no diabo do que em um taxista...

Antes de falar da viagem queria comentar um pouco à respeito do Sri Lanka. Devido a localização próxima ao sudeste da Índia, eles falam a mesma língua, tâmil, e tem a culinária muito parecida com Chennai. A guerra civil terminou em 2009 após o governo vencer os Tigres da Libertação Tamil. E apesar do país estar pacificado ainda há bastante presença militar no norte. Não conheci essa parte do país mas o que escutei é que convém evitar. E apesar da paz a opinião geral é de que o governo se excedeu na guerra contra os Tigres. O Sri Lanka foi um dos países mais afetados pelo tsunami em 2004 e isso ainda é bem visível nas vilas mais pobres próximas, aonde muitas vezes lhes faltam coisas básicas como luz.


Comprei uma passagem pela Jet Air, que é a maior linha aérea low cost da Índia e para pagar mais barato acabei pegando todas as conexões possíveis e passei todo o dia viajando.Cheguei ao albergue em Colombo, capital do Sri Lanka, sem problemas tomando um taxi do lado de fora do aeroporto já que os do lado de dentro era muito mais caros. O aeroporto Bandaranaike fica há 20 km de Colombo assim que espere pagar mais ou menos U$20 na corrida. Acabei ficando no Hitchhike Backpackers, que recomendo bastante e fica na zona de Mount Lavinia, que escutei ser o local com as praias mais limpas da cidade, porém nada impressionantes.


No albergue conheci um pessoal bem bacana e saíamos juntos pra conhecer a cidade e comer. Comi bastante curry com peixe e como de praxe, sempre com as mãos. A bebida tradicional é o Arak, que já vi em muitos outros países, mas assim como na Índia vi que a população em geral quase não consome álcool. O que me impressionou era que o país logo de cara já me pareceu muito organizado comparado a Índia. Logo no primeiro dia eu vi algo que nunca havia visto na Índia: coleta de lixo! E além disso também achei a população muito mais amistosa. Como dizia um rapaz que conheci no albergue: Sri Lanka é uma versão mais adocicada da Índia.


Praia em Colombo
Trem em Colombo

Após dois dias em Colombo segui de trem à Galle. A viagem de Mount Lavinia (Colombo) a Galle foi bem tranquila e o trem e estação eram muito mais organizados do que os da Índia. Comprei a passagem na hora, sem problemas. O trem estava bem cheio, mas como a viagem era curta não foi nenhum problema. Era bem interessante olhar os vendedores no trem que vendiam um pouco de tudo, principalmente bilhetes de loteria e comida. Comida muito gostosa por sinal, embalada em páginas de caderno de alunos das escolas. Tão bom quanto a comida era tentar entender a letra da molecada! A vista era muito bonita já que o trem seguia bem próximo a praia.


Ao chegar a Galle fiquei logo impressionado com a cidade. Galle foi colonizada por portugueses e depois por holandeses e a arquitetura é o legado mais forte que eles deixaram por lá. Vale destacar a muralha em volta de parte da cidade e que está em perfeitas condições. Como não haviam muitas opções de albergue no hostel world acabei buscando algo quando cheguei por lá mesmo. A parte mais interessante da cidade fica dentro da parte murada e acabei me hospedando por lá. Durante o primeiro dia fiz o roteiro sugerido pelo Lonely Planet e foi suficiente pra conhecer a cidade. Assisti ao pôr-do-sol em cima do muro na parte mais ao sul da cidade, ao lado do farol. E pra minha surpresa haviam vários tubarões de recife e tartarugas nadando nas pedras por lá. Os locais me disseram que é algo que acontece todos os dias por volta das 18:00.


Após Galle meu plano era conhecer duas praias próximas antes de seguir a Kandy e após conversar com o pessoal do albergue acabei escolhendo Mirissa e Tangalle. Mirissa foi bem legal: fiquei no My Hostel e conheci um pessoal bem bacana. Durante o dia mergulhei mas como já havia me avisado o dive master o mergulho foi mais ou menos. Vi alguns peixes e uma moréia. Dá pra ver que os recifes não se recuperaram do tsunami. E como faz mais de dez anos que isso aconteceu concluí que a população local não cuida bem do lugar. As praias eram lindas e os restaurantes à beira da praia era bem legais e baratos. Tangalle tinha outra onda e não gostei tanto. Era uma praia com uma onda mais romântica, para estar de casal. E quase não dava pra entrar na água porque as ondas eram muito fortes.

Praia em Mirissa
Praia em Tangalle
Mergulho em Mirissa
Entrada do templo do Dente Sagrado em Kandy

Após os dias de praia decidi seguir à capital religiosa do país, Kandy. A cidade fica mais ou menos no centro do país e após uma combinação de três ônibus cheguei ao final do dia. O Sri Lanka não é um país grande e é razoavelmente fácil se locomover por lá já que existem muitas estações de trem e ônibus ligando todos os lados da ilha. O ponto negativo é que as viagens demoram muito porque os trens e ônibus param todo o tempo. Uma distância de 30 quilômetros leva mais ou menos uma hora. Os trens geralmente estão mais cheios mas nunca tive que comprar bilhete antecipado. A vantagem dos ônibus é que você viaja sentado e a passagem é comprada dentro do ônibus já que não há guichês. Me fez sentir o malandrão que viajava no Goiânia - Brasília comprando a passagem mais barata direto na mão do motorista...



            
             Buda no alto da montanha em Kandy

Estive em Kandy por dois dias e me pareceu suficiente para conhecer a cidade. O clima era muito mais agradável depois de alguns dias de calor pelas praias. Fiquei no Elephant Shed hostel que apesar de não ter uma área comum era muito bem localizado, a 300 metros das estações de trem e ônibus. O ponto turístico mais conhecido da cidade é o templo do dente sagrado. 70% da população do país é budista e acredita-se que no templo está guardado um dente de Sidarta Gautama. A história do dente envolve muitas guerras e a população acredita que ele pode resolver problemas de seca e pestes. Para quem vá ao templo fique atento porque a campana aonde está o dente é mostrada duas vezes ao dia. Eu disse a campana, porque o dente nunca é mostrado, somente a campana aonde ele está guardado.


Bandeira do Sri Lanka tremulando

Outras coisas legais para se fazer por Kandy eram caminhar pelo lago no centro da cidade e visitar os templos budistas. O mais legal é o Buda da montanha que à noite pode ser visto iluminado desde o centro da cidade. A caminhada demorou vinte minutos mas vi bastante gente chegando em tuk tuk. Nesse templo acabei encontrando um pessoal que tinha conhecido em Kerala na Índia e saímos a jantar. No dia seguinte foi vez de voltar à Colombo e terminar essa parte da viagem pela Ásia.


Adorei o Sri Lanka e tenho muita vontade de voltar. Fiquei com bastante vontade de subir Adam's Peak e conhecer alguns parques nacionais que tiveram que ficar pra próxima. A população local era bem comunicativa e domina bem o inglês. As praias eram lindas, a culinária muito boa e só um pouco mais caro do que a Índia, mas mesmo assim muito barato.

Índia e Sri Lanka - FINAL

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