quinta-feira, 17 de julho de 2014

Minha família viria desde o Brasil pra me visitar aqui na Argentina e como não era a primeira vez deles por essas bandas eles já conheciam alguns destinos como Buenos Aires e a cidade aonde vivo, Neuquén, e suas redondezas. Assim que após pensar um pouco decidimos seguir um pouco mais ao sul e conhecer Ushuaia e El Calafate. A idéia seria encontrá-los no Aeropaque em Buenos Aires, que é o nome do aeroporto de voos domésticos, e de lá seguir a Ushuaia e depois à El Calafate. Há voos diretos de Ushuaia a El Calafate assim que a escolha fez muito sentido pra economizar tempo de voo evitando conexões. Mais de 2300km separam Buenos Aires até Ushuaia (em linha reta) então a viagem é longa levando mais de 3 horas. E não há maneira de chegar por terra desde a Argentina continental já que não há como seguir do continente para a ilha de Tierra del Fuego. A única solução é após Rio Gallegos na Argentina cruzar a fronteira para o lado chileno e descer até Punta Arenas. Ao sul de Punta Arenas há balsas que cortam o Estreito de Magalhães em um lugar chamado Punta Delgada, que é a menor porção de mar que separa o continente de Tierra del Fuego.

Já havia feito uma viagem muito parecida com um amigo passando por Ushuaia, El Calafate e terminando em Bariloche em 2011 mas dessa vez seria com a família. Ao invés de ficar em um hotel escolhemos ficar em uma cabaña que são casas prontas pra receber o turista, com a vantagem de ser um pouco mais barata do que o hotel se o grupo for grande. E a cabaña já é toda equipada e você tem total liberdade para cozinhar e fazer o que bem entender. Boas opções locais pra fazer a busca são os sites Welcome Argentina e Argentina Turismo além dos onipresentes Booking e Despegar. O lado negativo das cabañas é que geralmente estão um pouco mais afastadas e é mais difícil caminhar até o centro da cidade, sobrando então as opções de alugar um carro ou depender de táxi.


Chegamos ao aeroporto de Ushuaia e tomamos um táxi até a cabaña. Desfizemos as malas e fomos ao centro da cidade caminhar um pouco. Ushuaia é conhecida por ser a cidade mais austral do mundo, estando na latitude 54 graus, então no inverno prepare-se pra baixas temperaturas com uma média de 0C e poucas horas de luz do sol já que ele nasce por volta das 10:00 e se põe às 17:00. A economia da cidade vive basicamente do turismo então há uma ampla gama de hotéis, bares e restaurantes além de muitas agências de viagem e os mais diversos passeios pelos parques, montanhas e marítimos principalmente pelo canal de Beagle. E também por conta do turismo os preços nos lugares mais movimentados são praticamente europeus! A única coisa que achei barata comparando com o restante da Argentina eram as roupas e calçados de inverno. E depois comparávamos ao chegar à El Calafate aonde os preços estavam muito mais caros.



Caminhando pelo píer
Farol do fim do mundo
No primeiro dia caminhamos um pouco pelo centro e é bem fácil se orientar já que é relativamente pequeno. A rua principal se chama San Martin e por lá você encontra praticamente tudo. Buscamos um lugar para almoçar e acabamos escolhendo uma churrascaria chamada La Estancia já que queríamos comer carne e meu pai queria provar as "achuras", que são cortes que não se comem no brasil, mais exatamente rins e intestinos. Muito gostoso por sinal e para quem não conhece vale a pena provar.

Após o almoço aproveitamos pra fazer um passeio de barco pelo canal de Beagle. Esse canal separa a ilha de Tierra del Fuego de outras ilhas mais ao sul mas até aonde sei são todas praticamente desabitadas. Fizemos o passeio com a agência Rumbo Sur que durou mais ou menos 3 horas e custou mais ou menos AR$500/pessoa. Um detalhe: verifique os preços antes de ir porque na Argentina há muita inflação. Minha sugestão é o site Turismo Ushuaia. No percurso vimos muitos leões, lobos e elefantes marinhos que viviam em colônias. O mais interessante é que é fácil saber quando eles estão próximos pelo mau cheiro que tem! Vimos também alguns pinguins e baleias Franco-Austral nadando pelo canal. Paramos por uma ilha desabitada para caminhar e o guia nos deu uma explicação de como os nativos viviam por lá. Mas falarei um pouco mais do assunto quando falar do museu. Passamos também pelo famoso Faro del Fin del Mundo e apesar de o dia não estar muito lindo aproveitamos pra tirar algumas fotos.


No dia seguinte fizemos um passeio pelo Parque Nacional de Tierra del Fuego com direito a um percurso no trem do fim do mundo. No passeio de trem aprendemos um pouco sobre a história dos primeiros povoadores da região. A estação está a 8km da cidade e a passagem custou mais ou menos AR$400/pessoa e a entrada ao Parque é paga à parte. Apesar do lugar ser bonito o percurso me pareceu bem curto e por conta disso e do preço salgado não acho que seja imperdível sendo o parque muito mais barato e bem mais legal. Pode ser acessado inclusive de coletivo. No percurso do trem aprendemos que Ushuaia foi povoada como uma colônia penal e os presos cortavam as árvores para construir a suas próprias casas. Haviam inclusive réplicas das casas dos indígenas e dos presos trabalhando.



Colônia de leões marinhos
Trem do fim do mundo

O Parque Nacional de Tierra del Fuego é lindo e sem dúvida foi um dos pontos altos da viagem. A natureza era linda e exuberante e cheio de montanhas nevadas e lagos de água cristalina. Caminhamos bastante e tiramos muitas fotos. Vimos também alguns animais incluindo uma raposa que passou bem próxima da gente, certamente já acostumada a receber comida dos turistas. Tiramos algumas fotos incríveis da Bahia Lapataia.



Meus pais na entrada do Parque Nacional Tierra del Fuego
Ex presidio de Ushuaia
Parque Nacional Tierra del Fuego

Parque Nacional Tierra del Fuego

Após dois dias bem movimentados com a família decidimos aproveitar 2 dias no Cerro Castor. No primeiro dia meus pais nos acompanharam mas nos segundo dia fui somente com a Rocio e minha irmã. Pra quem não conhece Cerro Castor é a estação de ski mais nova e portanto a mais moderna da Argentina. As temporadas são mais longas do que as das outras estações mas por alguma razão o inverno de 2014 apesar de frio foi bastante seco com pouca neve. Em Ushuaia fez bastante frio com temperaturas que chegavam aos -6C durante às noites mas só havia neve nas montanhas, diferente dos invernos normais aonde a cidade fica bem nevada.


O que acontece é que eu praticava snowboard e pra quem não conhece os esportes de neve com a prancha você cai muito mais do que com os skis. E como fazia muito frio havia muito gelo e pouca neve para amortecer assim que cada tombo era um hematoma novo. Até que no final do primeiro dia eu levei uma queda daquelas de quicar no chão e ver estrelas. Resultado: no dia 2 fiz minha primeira aula de ski e traí o snowboard, pra sempre! Mas tombos de lado Cerro Castor é muito bonito e vale a visita. Fica a 26km da cidade e as vistas são incríveis com uma vista panorâmica inesquecível da natureza. Imagino que nos dias mais claros se pode ver a cidade desde lá mas nós não tivemos essa sorte.


A família reunida
Rocio e Marina "esquiando"

O dia seguinte seria nosso último em Ushuaia antes de seguir à El Calafate assim que decidimos caminhar um pouco pela cidade e conhecer os museus. Começamos pelo museu marítimo e ex presidio de Ushuaia que estão no mesmo lugar. O museu marítimo tem muitas réplicas de barcos mas o mais interessante é aprender sobre a vida dos Yamanes que são os indígenas que viviam em Tierra del Fuego. Pelo mais incrível que pareça apesar das temperaturas baixas eles pescavam mergulhando nas águas geladas com arpões após cobrir o corpo com óleo. É realmente interessante entender como um povo tão primitivo vivia em um lugar inóspito. Há também um museu chamado Mundo Yamana mas estava fechado.


A prisão também é bem interessante e lá podemos ver o dia-a-dia dos presos e conhecer a história da prisão que é também a história de Ushuaia. Almoçamos no restaurante La Casa de los Mariscos na rua San Martin já que a família queria provar a Centolla, que é um caranguejo, e a Truta à Manteiga Negra e à tarde seguimos à base do Cerro Martial aonde caminhamos um pouco. Aí funciona um centro de ski muito menor do que Cerro Castor mas como não havia muita neve não havia ninguém esquiando. E eu também fui bem despreparado, com tênis, e por isso escorregava todo o tempo enquanto minha família tinha botas. Terminamos nosso último dia carimbando nossos passaporte no centro de informações para ter o logo de Ushuaia e comendo pizza e tomando umas cervejas no Pub Irlandês planejando o que fazer por El Calafate nos próximos dias de viagem.


Como foi a minha segunda vez em Ushuaia recomendo também passeios a Laguna Esmeralda que no inverno está completamente congeladas e tem alguns quilômetro de trilhas para os mais aventureiros.


Ushuaia e El Calafate - Parte 2 Final - El Calafate

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