segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Mendoza é conhecida na Argentina como a capital dos vinhos e atrai gente de todo o mundo para conhecer suas vinícolas ou como dizem por aqui: bodegas. Mas nem só dessa indústria vive a província. A agricultura, petróleo e o turismo também movimentam sua economia. E foi pra aproveitar da última que resolvi revisitar a capital da província, também chamada de Mendoza. Já havia ido à Mendoza em 2010 com um grupo de 2 amigos mais (em uma viagem que pretendo descrever aqui no blog) e no final de 2015 decidi aproveitar um feriado pra viajar até lá com a patroa. Pra quem deseja conhecer Mendoza há que levar em conta que tanto pela latitude quanto pela altura essa é uma cidade que tem as 4 estações bem definidas. Pra quem viaja no verão há muitas atividades legais nos rios e parques da cidade. E pra quem vai no inverno há 2 estações de ski na província: Penitentes e Las Leñas e também alguns parques de neve. E para os mais aventureiros em Mendoza está o pico mais alto do mundo fora da cordilheira do Himalaia: o Aconcágua, na cordilheira dos Andes.

Nos hospedamos no Hostel Internacional en Mendoza. Gostei bastante do lugar pelo social e pela localização. O albergue conta com habitações pra dividir ou para casais e a única crítica que tenho ao lugar era o quarto para casal que parecia uma caverna de tão escuro. O albergue organizava muitas atividades com os hóspedes como asados (churrascos) e outros jantares que seguiam até tarde. Dica importa pra quem for viajar por lá: o albergue não aceita cartão assim como grande parte dos comércios e hotéis da Argentina. Pra aproveitar todos os dias que tínhamos disponíveis decidimos viajar em ônibus leito noturno desde Neuquén e chegamos por lá durante a manhã bem cedo. O ponto negativo é que dessa maneira perdíamos a comodidade do carro, mas ao menos não perdíamos um dia para ir e outro para voltar. Fizemos o check-in e saímos à tomar café da manhã no centro da cidade enquanto esperávamos para começar um passeio com um ônibus que nos levaria a duas vinícolas e uma fábrica de azeite de oliva. A manhã estava nublada e caia uma chuva bem fina por isso logo voltamos ao albergue.



Um dos muitos asados da viagem
Bodega Vistandes

Durante à tarde subimos em um ônibus junto com o restante de um grupo e seguimos em direção às bodegas. Quase todas estão fora de Mendoza capital, em outro departamento chamado Luján de Cuyo mas a viagem é rápida e leva mais ou menos meia hora. Começamos o passeio em uma bodega chamada Vistandes que tem uma sede muito bonita. Conhecemos um pouco as plantações de diversas variedades de uva. Pra quem não sabe o vinho tinto mais bebido e conhecido na Argentina é o Malbec, mas essa bodega também é conhecida pelo seu Carmenere, que inclusive ganhou alguns prêmios, sendo esse o vinho mais bebido e conhecido do Chile.


No grupo haviam muitos chilenos e durante muito tempo houve muita briga por territórios entre esses 2 países. Mas no final do século XIX um argentino chamado Perito Moreno decidiu fazer a demarcação dos territórios e acabou abocanhando muito terreno para a Argentina. E bem, o tal Perito Moreno é homenageado em toda a Argentina sendo que cidades, monumentos e um famoso glaciar tem seu nome. A única exceção dessa separação pela cordilheira é a Terra do Fogo mas disso falarei em outra postagem. O negócio é que quem pensa que os argentinos odeiam aos brasileiros está muito equivocado, eles odeiam aos chilenos e principalmente por essas brigas territoriais e pela questão das Malvinas em que os chilenos ficaram do lado dos ingleses. A briga com o Brasil se resume ao futebol.


E voltando ao tema do vinho, o Carmenere é a variedade mais popular do Chile. Assim que imagine a cara dos chilenos tomando um prestigiado Carmenere argentino... Seria mais ou menos o mesmo que observar um grupo de brasileiros assistindo aos melhores gols do Maradona.


Mas voltando ao assunto das bodegas, saímos da Vistandes e visitamos mais uma bodega e a fábrica de azeite de oliva. Nas duas bodegas e na fábrica houve degustação assim que aproveitamos para provar desses produtos inclusive algumas variedades de vinho que não conhecia, como o Tempranillo. Terminamos o dia com um "asado" no albergue em que aproveitamos para conhecer os outros hóspedes que vinham de vários lugares da América do Sul e do mundo e esticamos até tarde da madrugada.



Com a bodega ao fundo
Parece que o cavalo estava um pouco cansado...

No dia seguinte acordamos um pouco mais tarde e durante à tarde fizemos uma cavalgada também paga no hotel que começou durante a tarde. Cavalgamos por mais ou menos 1:30 com um grupo de mais ou menos 15 pessoas por um vale um pouco afastado da cidade. Na volta do passeio chegamos à sede da fazenda aonde o pessoal devidamente trajado de gaúcho preparava um... ASADO! Outro mais! Hehehehe! Comemos muito bem e tomamos o vinho da casa. Assim que outra vez terminamos a noite bem alegres!


No dia seguinte decidimos fazer um passeio de trekking que terminava nas termas de Cacheuta. O trekking foi próximo das termas e envolveu uma caminhada de mais ou menos 3 horas com 3 paradas para fazer rapel que foi bem legal e não tinha muita dificuldade, só mesmo coragem! O calor era de matar e após terminar o trekking almoçamos em um restaurante por lá e seguimos às termas. Em Cacheuta há muitas piscinas distintas e todas com temperaturas diferentes, desde as mais quentes até normais.



Umas das piscina de Cacheuta
Prontos para o rapel
Praça San Martin em Mendoza
Em Cacheuta
O dia seguinte era o último dia de viagem e decidimos fazer algo mais tranquilo e barato visto que as atividades que fizemos foram salgadas e decidimos caminhar pela cidade. Algo que ainda não havia mencionado é que Mendoza é uma cidade linda, na minha opinião uma das mais bonitas da América do Sul. A razão de ter deixado o passeio pela cidade para o último dia foi somente porque eu e a Rocio já conhecíamos Mendoza mas para os que não conhecem é algo que deve ser feito no primeiro dia. O clima de Mendoza é seco e pra manter a cidade verde e arborizada foram desenhados uns canais que margeiam os meios-fios. Apesar desses canais serem efetivos são um pouco perigosos para os pedestres e a primeira coisa que qualquer brasileiro pensará é que isso jamais funcionaria no Brasil por conta da dengue.

No centro há também cinco praças muito bonitas sendo que quatro formam os vértices de um quadrado que são: Chile, Espanha, Itália e San Martin e a central que é maior do que as outras é a Independencia. Vale a pena conhecer e ver que diferente do Brasil eles realmente usam as praças como uma extensão de suas casas. Outro lugar bem legal pra conhecer na cidade é o Parque San Martin que é imenso e com espaço para jogar futebol, pista de skate, pistas de caminhada e até remo pelo lago. Pelo centro não há muitas bodegas, estão quase todas mais afastadas como já mencionei. A única exceção que encontramos foi a bodega Sastre Burgos mas que valeu só pela degustação porque não havia muito para ver. Em resumo, dá pra caminhar por lugares interessantes durante um dia inteiro.



Parque San Martin
Plaza España

Outras dicas para os viajantes é que o costume da sesta após o almoço é obrigatório em Mendoza aonde todo o comércio fecha e reabre às 16:00 ou 17:00. E pra quem quer conhecer um pouco mais as bodegas há 2 opções: a primeira seria entrar em passeios fechados que te levam a bodegas aleatórias em ônibus ou bicicleta ou pegar os ônibus coletivos que te levam a Luján de Cuyo passando por algumas bodegas. Mas nesse caso é obrigatório fazer uma boa pesquisa pra descobrir por quais bodegas passa determinado coletivo, horários de abertura e fechamento e se é necessário reserva. A vantagem é conhecer as bodegas que você quiser e por um preço mais acessível. Há oferta de hotéis e restaurantes é bem grande e aos restaurantes você pode levar seu próprio vinho e apenas é cobrado um cargo de "descorcho". E por último a vida noturna de Mendoza também é muito conhecida terminando talvez mais tarde do que a de Buenos Aires, aonde as boates enchem às 4 da manhã e não fecham antes das 07:00. O principal reduto é a rua Aristides Villanueva.

Após esses 4 dias movimentados voltamos a Neuquén com vontade de regressar uma vez mais a Mendoza no futuro. E pra coroar o final da viagem com chave de ouro ganhamos um vinho no bingo organizado no ônibus!


Mendoza - FINAL

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