domingo, 27 de dezembro de 2015

Para quem não sabe lá no topo da América Central e bem apertado entre Guatemala e México há um país chamado Belize. E como país da América Central que se preza sua língua oficial é o... INGLÊS! Eu disse inglês, mas na prática é algo um pouco diferente, eles próprios dizem broken english. Pra quem já conversou com alguém de ilhas caribenhas como Trinidad & Tobago ou Jamaica o sotaque é bem parecido. E o mais engraçado é que quando os belizenhos conversam entre eles, ao menos para mim, é algo quase impossível de entender. Mas quando eles notam que há algum estrangeiro perto eles mudam automaticamente para inglês normal!

Belize deve ser o país mais desconhecido da América Central. A minúscula população é de menos de 350 mil pessoas e a moeda oficial é o Dólar de Belize e o câmbio em 2015 era U$1 = B$2. Belize só conseguiu sua independência em 1964 e antes era chamado de Honduras Britânica, sendo assim não é estranho que eles fazem parte da Common Wealth. No passado Belize era o único país da América Central que brasileiros precisavam de visto mas isso foi revogado faz alguns anos e eu entrei sem visto.



Great Blue Hole
Mapa de Belize com Caye Caulker à direita

Os voos a Belize são muito caros e convém emendar com uma viagem ao México ou América Central. O que eu fiz foi tomar um ônibus desde Cancún pela empresa ADO. Cada trecho custava mais ou menos U$40. O que não gostei é que você não pode comprar ida-e-volta. Desde o México você só pode comprar a passagem de ida e depois em Belize você pode comprar a passagem de volta. E lá em Belize eu conheci muita gente que havia vindo de ônibus desde Guatemala. Inclusive quando eu estive na Guatemala em 2013 havia pensado em esticar até Belize, mas preferi deixar para o futuro porque o atrativo principal de Belize era o mergulho e eu ainda não tinha minha certificação.


A viagem foi tranquila com exceção de uma taxa de U$20 cobrada pela polícia mexicana para sair do México. Já havia lido à respeito e em teoria essa taxa já está incluída se você entra ou sai do país por via aérea. Não tirei nenhuma conclusão à respeito da legalidade da taxa na saída por via terrestre e metade dos sites aonde li à respeito diziam que essa taxa era ilegal e que era na verdade uma propina cobrada pela polícia mas todo o ônibus acabou pagando. O ônibus chegava à Belize City durante a manhã. Acabei aproveitando a manhã para conhecer a cidade e não achei nada de especial. Esperava que seria mais organizado e desenvolvido justamente porque foi o país mais caro que conheci na América Central mas o que vi na prática foi bastante pobreza. Almocei e peguei o barco até a ilha de Caye Caulker, aonde ficaria por quase uma semana. Inicialmente eu planejava também ir a San Pedro mas todos os turistas que conheciam diziam que Caye Caulker era bem mais interessante então acabei optando por ficar somente por lá mesmo.


90% dos turistas que vão à Belize tem como principal motivo o mergulho. E o meu caso não foi diferente. Marquei de encontrar meu amigo Marco por lá e ficamos hospedados no albergue Dirty McNasty's. Acabei reservando no Hostel World pelo nome engraçado, eu admito, e também pelos comentários no site. O albergue era bem grande e todas as noites tinha um open bar de Rum Punch que é rum misturado com um suco de pozinho que era a receita perfeita pra começar as noites. O drink era grátis e quase todas as noites eles faziam um jantar diferente que era pago mas nada caro.


A ilha de Caye Caulker também era um lugar bem legal. O mote do lugar é GO SLOW! E essa é bem a filosofia do lugar. A economia é o turismo e a população é bem tranquila sendo grande parte da ilha é rastafari. Há algumas opções de bar e restaurante e dá pra se divertir durante uma semana sem problema.


No primeiro dia fizemos um passeio por algumas ilhas próximas com 4 ou 5 paradas para fazer snorkel. Contratamos o serviço com um rasta chamado caveman. Eles nos apresentou seu cachorro e sua família e eu rachei o bico de rir com o cara. Seu cachorro se chamava cave dog, seu filho cave baby e sua mulher cave woman. Os passeios tinham preços mais ou menos tabelados e as únicas maneiras de conseguir um desconto era vir com um grupo grande ou esperar uma vaga livre na hora da saída do barco. Muitos dos recifes nessa parte de Belize são parques marinhos e deu pra ver que o pessoal respeita bastante. Os recifes estão em ótima qualidade e a vida marinha era incrível, o que foi uma prévia dos mergulhos que estavam por vir. A parada mais legal do passeio na minha opinião foi em um lugar chamado shark's point. Os barcos dão comida para os tubarões de recife e arraias que ficam nadando em volta do barco. E depois que eles estão de barriga cheia você pode nadar com eles. Que fique claro que esses animais são bem seguros e não há nenhum perigo. É um tubarão de recife e não um branco!! O que achei meio triste é que esses animais estão tão acostumados a ser alimentados que já estão domesticados. Outras paradas legais foram em um canal aonde você pode alimentar uns peixes gigantes e dar comida as gaivotas.



Vibe de Caye Caulker
Dando comida pras gaivotas
Esperando o passeio de snorkel com o cave man
Jesús, Marco e eu


Meu amigo Marco e eu acabamos fazendo os mergulhos por um dive shop chamado Belize Dive Center. Era um pouco mais cara do que eu gostaria mas era muito organizada e não tive nenhuma surpresa negativa. Recomendo pra quem não busca a opção mais barata. Vimos muitas tartarugas azuis e loggerhead bem grandes, moreias, polvos, caranguejos e todos os tipos de peixe que imaginar. A temperatura da água também era perfeita pra quem mergulha sem trajes, 28 C. Fizemos tantos mergulhos com a mesma empresa que acabamos conhecendo não só o pessoal que trabalhava lá mas também os outros turistas e saíamos juntos à noite. Mergulhamos em muitos lugares interessantes e alguns que gostei muito se chamavam: Black Coral Wall, Long Key Aquarium e Sandy Slope. 


Mas o mergulho mais legal foi sem dúvida o Great Blue Hole! Esse é um dive spot que está em todos os top 10 de mergulho que você vê pela internet e é a primeira foto da postagem ao lado do mapa de Belize! Ficou bem famoso depois das viagens que Jacques Cousteau fez por aí. Quem se aventura no fundo irá ver umas formações de rochas calcárias que criam estalactites incríveis. Você pode vê-los em diferentes estágios de profundidade. O primeiro a 20m, o segundo a 45m e o último a 90m. Para ir ao segundo você precisa certificação avançada e um mínimo de 40 mergulhos e o último somente para mergulhadores técnicos. Eu fui ao segundo ponto e foi o mergulho mais profundo que já fiz: meu computador registrou 46m! A luminosidade nessa profundidade cria um clima amedrontador mas foi um mergulho muito legal. A descida foi rápida não durando nem 4 minutos, mais ou menos 12 minutos por lá e depois se inicia a subida com paradas para descompressão. Depois de muitos mergulhos admirando a fauna o Great Blue Hole foi bem diferente já que com exceção de um tubarão martelo e alguns caranguejos não vi nenhum outro animal. E foi a primeira vez que tive um pouco de problema para baixar. Acho que baixei muito rápido e doeu um pouco o ouvido. A solução foi subir alguns metros e depois baixar outra vez para acompanhar o pessoal.



Cardume gigante de peixes azuis
Moréia
Outra arraia
Tartaruga
Eu!
Arraia


Após uma semana de mergulho era hora de voltar à Cancún e terminar a viagem. O retorno foi um pouco mais complicado do que a ida já que, imagino que seja por legislação, não há ônibus direto Belize City a Cancún. O ônibus para na fronteira e você troca para outro. Como era natal dei um pouco de azar e só encontrei ônibus até Tulum. E na rodoviária de Tulum tive uma longa espera de 10 horas até a partida do próximo ônibus disponível a Cancún. Mas bem, faz parte!


México e Belize - FINAL

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