terça-feira, 11 de abril de 2017

Sempre tive muito fascínio pela Islândia. Desde criança, me lembro de ler a (finada) revista "Os Caminhos da Terra" com incríveis reportagens sobre esse país tão exótico. Revista essa que junto com as histórias que sempre escutava de quando meu pai viveu na Amazônia foram as maiores responsáveis por meu amor por viajar. 

Aproveitando que estou vivendo na Dinamarca, decidi realizar um de meus sonhos e viajar para a terra do gelo! Compramos passagens por uma linha aérea de baixo custo, chamada Wow, e fomos em frente. Enquanto comparava preços de passagem, descobri, inclusive, que a linha aérea de bandeira da Islândia, a Icelandair, voa desde a América do Norte à Europa fazendo escala em Reykjavik. O legal disso é que você pode passar alguns dias pela Islândia durante essa "escala", pagando o mesmo preço do voo direto da América do Norte à Europa. E falando da Dinamarca, a Islândia fez parte da coroa dinamarquesa até 1944, não muito tempo atrás. As línguas dinamarquesa e islandesa são, até mesmo, razoavelmente parecidas.


A Islândia foi um dos países que mais sofreu com a crise de 2008, apesar disso não ter ganhado muito destaque na mídia internacional. A maior razão, imagino eu, é a sua minúscula população que mal chega a 500 mil pessoas. Mas, hoje a crise já está vencida, sendo o turismo, inclusive, um dos motores da recuperação.


Como o país não está na União Européia, e nem usa o Euro, eles puderam desvalorizar a coroa islandesa e potencializar as suas exportações. Antes da crise, o país era meio que um paraíso para investidores europeus, principalmente ingleses, que encontravam por lá melhores retornos que em seu país natal. Mas, para vencer a crise que gerou quebradeira dos bancos nacionais, o país decidiu ressarcir apenas os investidores nacionais, os ingleses ficaram a ver navios. Em troca, os ingleses prometeram barrar a entrada da Islândia na União Européia. E vejam como o mundo dá voltas! Hoje, é a Inglaterra que está saindo da União Européia e a Islândia, que havia pleiteado sua entrada no, grupo não parece muito preocupada com isso. 



O esquadrão reunido - Eu, Rocio, Marina e Gabriela - no Cânion Fjaðrárgljúfur

Política à parte, a Islândia hoje é incrível, porém bem cara. Os preços são nível norte da Europa. De qualquer forma, o mais legal é que a entrada em qualquer parque ou monumento natural é grátis. E o mais interessante do país é justamente sua beleza natural. Os seus maiores gastos, como viajante, são então hospedagem e alimentação. Para evitar um pouco o último, preferimos reservar pousadas com cozinha para podermos cozinhar. Muitas vezes, fizemos sanduíches para levar para o almoço, sendo que, durante a noite, ao voltar à pousada, fazíamos um macarrão ou outra comida bem simples.

Outro ponto interessante para o planejamento da viagem é fazer a reserva dos hotéis com antecedência. O turismo tem crescido a ritmo de dois dígitos ano após ano e a oferta parece não ter acompanhado a demanda. Aliás, escutei que durante o verão, praticamente, todas as hospedagens estão reservadas com meses de antecipação. Imagino que as opções que sobram devem ser justamente as mais caras.


As estradas principais são razoáveis, mas não do nível que você encontra no norte da Europa. Há muitas pontes de pista simples, acostamento é inexistente e existem muitas estradas de terra. A rodovia principal, que dá a volta ao país, passando próximo da costa, se chama route 1, ou como é mais conhecida, ring road. Já as estradas secundárias, com nomes começando com F, tem condições variadas. O fator mais importante ao se planejar uma viagem é que grande parte delas estão fechadas durante a maior parte do ano. Até a ring road tem muitos trechos fechados durante alguns meses. Pelas dúvidas, o melhor a se fazer é buscar a informação atual no site do Departamento de Estradas da Islândia com dados atualizadas, em inglês e islandês, e muitas câmeras ao vivo.



Nosso roteiro completo para uma semana e meia
Roteiro com detalhes para o Sudoeste da ilha

Se o seu plano de viagem é estar na Islândia por mais de dois dias, eu sugeriria fortemente alugar um carro. Há ônibus que dão voltas pelo país, mas depender de ônibus de turismo para ir a qualquer lugar limitaria muito a viagem, além de sair mais caro. O preço do aluguel de carro varia de acordo com o modelo escolhido, de qualquer forma, estime algo em torno de U$90 por dia. Como meu grupo era de quatro pessoas, alugamos o carro por dez dias e dividimos o gasto. O carro tinha 4x4 e pneus para neve, que no mês de abril, já na primavera, foram muito importantes. Outro assunto importante é a respeito do seguro. Se o seu plano envolve se afastar um pouco da ring road, as estradas de terra serão inevitáveis. Nós incluímos o seguro contra cascalho para evitar inconvenientes.

Chegamos à Islândia por Reykjavík, sua capital e maior cidade, com mais ou menos 200 mil habitantes. Retiramos o carro, que havíamos reservado, no aeroporto. Fiquei até surpreendido ao chegar à cidade, pois havia um pouco de trânsito. O plano era ficar apenas uma noite. Reservamos um dos hotéis mais baratos, chamado Pavi. O atendente era um mexicano muito mal humorado. Aproveitamos para estocar a comida na rede de supermercados, que nos acompanharia por toda a viagem, chamada Bonus. Reykjavík me pareceu bastante cinza. Além de conhecer a igreja principal, fomos à rua mais conhecida da cidade, chamada Laugavegur, com muitas lojas e restaurantes.



Igreja Hallgrímskirkja, em Reykjavík

No dia seguinte, acordamos cedo e seguimos viagem com destino ao parque þingvellir. Nem notamos que havíamos entrado no parque, pois como mencionei, são todos grátis e não há controle de entrada, nem mesmo uma guarita. Poucos minutos depois, chegamos à primeira cachoeira da viagem, chamada Öxarárfoss. Deu pra notar que o volume da queda era maior do que o normal já que a água cobria parte da passarela. Imagino que como já era outono, isso acontecia pelo degelo. No parque está também o cânion Silfra que marca o encontro das placas tectônicas da América do Norte e Eurásia. Mergulhadores adoram tirar fotos com uma mão tocando cada placa. Apesar de ter ficado com vontade, o mergulhador precisa de certificação para traje seco e o preço não é nada amigável.



Öxarárfoss
O próximo destino era o Geysir Center, onde se encontram vários gêiseres. O mais interessante é que um deles é chamado Geysir. Isso mesmo, ele originou a palavra gêiser! Suas explosões são infrequentes, mas há um gêiser próximo chamado Strokkur, que explode a cada sete minutos, mais ou menos. Bem legal! Fizemos, também, alguns vídeos.

Em seguida, a cachoeira Gullfoss, uma das maiores da Europa. O visual estava incrível com bastante neve.



Gêiser Strokkur
Gulfoss

Como não estávamos cansados de cachoeira, seguimos à Seljalandfoss e Gljúfrafoss. Seljalandfoss era incrível (já me parece que descrevo tudo como incrível, mas é verdade). A queda é bem alta e você pode passar por atrás. Estava chovendo e ventando, o que quer dizer que nos molhamos mais ainda. Gljúfrafoss era menor e fica escondida atrás de umas pedras. A única maneira de vê-la foi caminhando por um canal do rio e acabamos nos molhando até os joelhos. Fazia frio, mas nem nos importamos muito.
Após um dia tão logo, seguimos em direção a nosso hotel, chamado Skogar Hotel, que está às margens de outra cachoeira, denominada Skogarfoss.

 
Silhuetas em Seljalandfoss     

Entrada para Gljúfrafoss

No dia seguinte, continuou chovendo, mas mesmo assim aproveitamos a manhã para conhecer Skogarfoss, que estava do lado do hotel. Há uma trilha para subir à parte de cima, entretanto o visual mais legal é visto desde a parte debaixo mesmo. Entramos no carro e seguimos à primeira geleira da viagem, Gigjokull, e devido à sua coloração e nome impossível foi carinhosamente apelidada por nós de bolacha oreo. Havia muitas pessoas fazendo trekking pela geleira com agências de turismo. Como veríamos outras geleiras mais pra frente, nos contentamos com as fotos de pertinho sem subir.

Skogarfoss
Geleira Gigjokull

O próximo destino foi Vík e a Praia Negra (Black Beach). Além da areia escura da praia, há muitas rochas que parecem esculpidas, o que te dá uma impressão de estar em outro planeta. Não é à toa que o lugar foi cenário de muitos filmes, incluindo Star Wars - O Despertar da Força. As ondas são fortes e traiçoeiras. O lugar está cheio de placas avisando dos perigos. Passamos uma hora por lá e aproveitamos para almoçar em Vík, em um posto de gasolina. Aliás, ao menos por lá, os postos costumam vender comida local por preços acessíveis.

Praia Negra
Pedras esculpidas na Praia Negra

O último destino do dia foi o Cânion Fjaðrárgljúfur. O plano era seguir ao Laki, um vulcão, que desde o topo, tem vista a algumas geleiras e era bem recomendado pelo Lonely Planet. Infelizmente, a estrada estava fechada por muita neve e acabou ficando para próxima. O Canyon, de qualquer maneira, também foi bem legal. E após tanto passeio, era hora de seguir ao hotel!

Fazendo amizades

Os primeiros três dias da viagem foram surpreendentes. Eu já tinha altas expectativas, mas, mesmo assim, fui surpreendido positivamente com a imensa quantidade de lugares que conhecemos. Choveu todo o tempo e a temperatura se manteve entre 2 e 7ºC, no entanto, nem ligamos. O único problema é que as roupas estavam sempre molhadas ou encharcadas! Até as botas "impermeáveis" estavam ensopadas (rs)!

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