domingo, 17 de janeiro de 2016

Sempre tive interesse por conhecer a Índia e quando fui convidado ao casamento de um amigo hindu decidi aproveitar a oportunidade. O casamento seria a situação perfeita para conhecer bem a cultura local e decidi esticar a viagem por 3 semanas mais pelo país e depois uma semana no Sri Lanka.

As opiniões de amigos que já estiveram na Índia eram as mais diferentes: alguns se encantaram pela cultura e ficaram mais de 6 meses, outros detestaram a higiene e terminaram sua viagem muito antes do planejado. Por via das dúvidas acabei planejando a viagem muito melhor do que geralmente faço, quando compro a passagem e um Lonely Planet no aeroporto pra planejar "tudo" durante o voo. Fiz o planejamento com um amigo que encontraria por lá e que viajaríamos juntos por essas três semanas: reservamos hotéis e alguns passeios e compramos as passagens de trem com algumas semanas de antecipação. Dica importante: é muito conveniente comprar passagens de trem com semanas de antecipação, principalmente para viagens durante à noite para não ficar com as piores classes que não tem cama.

Lago Pushkar
                    
Oferendas no templo de Brhama em Pushkar
Amer Fort em Jaipur
Templo de Brhama em Pushkar

Após uma semana com alguns amigos em São Paulo cheguei em Nova Delhi às 23:30 do dia 15 de janeiro. Eu havia dito que tinha planejado bastante coisa e uma das coisas que havia feito foi pedir um táxi ao hotel aonde tinha a reserva para me levar do aeroporto até lá. Estava um pouco preocupado em pegar um táxi em Nova Delhi durante a madrugada. Após mais de 20 min esperando o táxi ele nunca apareceu ou eu não o encontrei. Acabei tendo que procurar um pela própria conta. A lição é pedir sempre um lugar de encontro bem específico, principalmente para grandes aeroportos internacionais. Acabei chegando ao hotel sem problemas e encontrando o meu amigo. Ele havia chegado antes do que eu e me contou que havia confirmado o passeio que começaríamos no dia seguinte.

Para entenderem a idéia do passeio tenho que contar alguns fatos da Índia que nem todos conhecem. Se você planeja algum dia ir até lá e alugar um carro, esqueça! Por duas razões: a primeira é que você não conseguirá dirigir por cinco quadras nas cidades mais movimentadas, e a segunda é que pelo mais absurdo que pareça é muito barato alugar carro com motorista. O país é relativamente barato: aluguel de um carro com motorista custa U$45 por dia, diária de um hotel razoável para 2 pessoas U$25 e um táxi do aeroporto ao centro de Delhi (20 min sem trânsito) U$10. E outro ponto positivo é o domínio do inglês: você consegue se comunicar sem muita dor de cabeça.

Começamos o passeio no dia seguinte saindo de Delhi bem cedo e viajando sete horas até Puskhar. Nos demos muito bem com o motorista que estaria conosco pelos próximos 4 dias. Ele era muçulmano, assim como meu amigo que me acompanhava, e tinham o mesmo nome - Mohammad.  E foi nessa viagem que eu fiquei mais contente por termos um motorista. Lembra que eu havia dito que não vale a pena para um estrangeiro dirigir um carro pela Índia? O trânsito é a maior loucura que eu já vi, me fazendo pensar que o de La Paz é civilizado... As buzinas não param de soar nem por um segundo e o acostamento é uma pista a mais. Foi nessa viagem que eu vi pela primeira a ultrapassagem dupla - quando um carro ultrapassa outro que ultrapassa outro. Deu pra entender?

Chegamos em Puskhar durante a tarde e decidimos conhecer a cidade. Esse é um dos lugares mais sagrados para os hindus e um dos seus cinco pontos sagrados de peregrinação. Sendo um lugar tão sagrado é proibido o consumo de qualquer tipo de carne e álcool! A solução foi sentar ao lado do lago em um restaurante vegetariano admirando o pôr do sol.

No dia seguinte aproveitamos para conhecer o templo de Brhama e aprender algo que nos serviria durante o resto da viagem pela Índia. Os brasileiros acham que tudo em nosso país é único e superlativo, exemplo: pensamos que somos o país mais corrupto do mundo, das mulheres mais lindas e os mais malandros com turistas estrangeiros. Esses mitos já caíram por água abaixo comigo faz tempo, e nesse dia eu descobri quem merece o título de nação mais malandra com estrangeiros! Na entrada do templo todos queriam ser nossos guias. A minha cara de turista não ajuda muito, confesso. Mas o meu amigo resolveu aceitar. No final das contas acabamos fazendo uma "doação" ao sacerdote do templo muito maior do que eu gostaria. A cerimônia colocando pétalas de uma flor no lago foi bem legal mas ficou a lição de combinar os preços de tudo com antecipação. Seguimos explorando a cidade e seus mais de 400 templos durante todo o dia.

Outro ponto interessante a prestar atenção é discutir bem com o seu guia aonde ele os irá levar. Apesar de eu haver dito que tínhamos nos dado bem com nosso motorista ele sempre tentava nos levar aos lugares aonde ele queria. Demoramos um pouco pra entender bem como funcionava o negócio - o planos é te levar a uma loja de qualidade duvidosa ou restaurante aonde te empurram produtos por preços que parecem incríveis e o motorista leva uma comissão. Por via das dúvidas tenha sempre um roteiro planejado ao invés de escutar as dicas do motorista, pelo mais legal que ele pareça ser.


No dia seguinte fomos à capital do Rajastão, Jaipur. O Rajastão é o lugar perfeito para conhecer a típica Índia que você imagina vendo tevê: homens com turbante, encantadores de naja, elefantes como meio de transporte, templos incríveis e pratos os mais coloridos possíveis. Durante os dois dias que estivemos aí conhecemos os principais templos e monumentos da cidade e recomendo a todos que forem à Índia. Os principais foram:

Amer Fort com direito à passeio de elefantes. O forte mais impressionante que conhecemos em toda a viagem e eu diria o mais legal que já vi na Índia.


Conhecemos a história dos Maharaj e o ápice do poder mongol no City Palace. Na verdade são dois palácios conectados que foram sede do poder dos marajás e até hoje serve como palácio do governo. O mais interessante era o museu dedicado ao poder dos marajás desde o império mongol até a chegada dos ingleses. Era interessante ver o contraste cultural entre os nobres ingleses e os indianos.

Hawa Mahal ou Palácio do Ventos, construído com muitas janelas para que as mulheres da realeza pudéssem aprecia o que se passava nas ruas sem sair do palácio.

O observatório Jantar Mantar com ferramentas rudimentares de astronomia terminado no século XVIII.

Nahargarh Fort, outro forte bem parecido ao Amer Fort. Inclusive valeu à pena ir porque ficava bastante próximo de Amer Fort e deu pra combinar os dois. Era menor do que o Amer mas por ficar em uma parte mais alta era bem mais estratégico.


Subindo a entrada de Amer Fort de elefante
                    
          City Palace em Jaipur
Encantadores de Naja em Jaipur
Hawa Mahal ou Palácio dos Ventos



Também percorremos as ruas da cidade, seus mercados tradicionais e os portões de Jaipur. Algo bem interessante era a arte de barganhar. A barganha na Índia é normalmente vista e aceitável. Chego a pensar que se você não barganha o comerciante se ofende. Pois bem, meu amigo que viajava comigo é do Irã e está bem acostumado com a barganha. Os descontos que ele conseguiam nas lojas era mais incríveis que os descontos que se consegue com vendedor de rede na praia. Sua barganha consistia em pedir desconto de 70% do preço inicial. Se o comerciante lhe dizia que não ele simplesmente não se importava, lhe dizia que não tinha dinheiro e ia embora. Quando ele saia o vendedor oferecia um desconto próximo aos 70% e aí começava a negociação que algumas vezes demorava 15 minutos. A compra demorava mas o desconto compensava!


No dia seguinte fomos à Agra e ao Taj Mahal, mas isso fica pra próxima postagem.


Índia e Sri Lanka - Parte 2

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