terça-feira, 27 de setembro de 2011

Após procurar a melhor solução para viajar desde a Colômbia até o Panamá, que não envolvesse pagar uma fortuna em uma passagem de avião em cima da hora, descobri que a melhor maneira de viajar era de barco. O que escutava é que haviam barcos de comércio que faziam o trajeto Cartagena - Porto Belo (Panamá) e que também levavam passageiros. Não encontramos informação confiável em nenhum site e por isso decidimos ir ao porto e a marina e perguntar. Após muito rodar encontramos um capitão colombiano que iria sair no dia seguinte no barco Odissey II e nos fez um preço razoável, muito mais barato do que a passagem de avião. A viagem demoraria 5 dias desde Cartagena até Porto Belo passando pelo arquipélago San Blas e incluía todas as refeições. Pareceu um bom negócio e aceitamos, apesar de um suíço que conhecemos durante a procura e nos recomendou não fazer a viagem nesse barco porque segundo ele, que dizia ter experiência em navegação, o barco não contava com alguns dispositivos de segurança...

No dia seguinte começamos à viagem, após 5 horas esperando o capitão no pier... E conhecemos o restante do grupo: uma holandesa, um casal alemão, um casal português, uma peruana que mora na França, um colombiano, eu e meu amigo, o capitão e um ajudante que era indígena da tribo local, chamada Kuna, e falava sua língua nativa chamada Guna e muito pouco espanhol . A viagem começou durante à noite e apesar do barco ser um veleiro tivemos que usar o motor quase todo o trajeto devido aos poucos ventos. Após quase dois dias de viagem em mar aberto chegamos às ilhas do arquipélago de San Blas e a melhor maneira de descrever o lugar é: paraíso tropical. São mais ou menos 365 ilhas, uma para cada dia do ano. Água morna e transparente e ilhas de areia branca rodeados por coqueiros. Poucas ilhas são habitadas e seus únicos habitantes são indígenas Kuna. O melhor a fazer é olhar as fotos abaixo para entender do que estou falando.



Veleiro em San Blas
Estrela do mar em San Blas
Uma das ilhas do arquipélago de San Blas
Bandeira do Panamá
Começo da viagem Cartagena - Porto Belo
O capitão e uma viajante pescando o almoço
A viagem seguiu bem tranquila por esse paraíso tropical com algumas paradas em três ilhas, sendo apenas uma delas habitada, e também paradas para fazer snorkel, o que me rendeu uma baita queimadura nas costas. Lição: snorkel só de camiseta. As refeições envolviam muitas frutas tropicais e o que conseguíamos pescar nós mesmos. E algumas vezes um ou outro indígena aparece em sua canoa e nos vendia frutos do mar. A viagem foi tão legal que a única dúvida que fiquei seria qual é o grande negócio do capitão? Ele dizia que transportava e vendia café colombiano no Panamá. Mas a quantidade de café no barco era minúscula, o que me fez pensar que o comércio dele era outro... Bem, melhor não saber. Outro detalhe que me fez repensar a finalidade do barco é que os Kunas são conhecidos por se envolverem no tráfico de drogas e o próprio indígena que estava no barco com a gente dizia que seu sonho era vender uma grande quantidade de cocaína pra não precisar mais trabalhar... Cada um com seus planos!


O grupo da viagem se deu super bem e nos divertimos muito. Até o capitão se misturava com a gente. Os pormenores da viagem foram o próprio capitão que era muito desorganizado e tivemos inclusive que fazer uma parada para comprar suprimentos que ele havia se esquecido de trazer e a pouca água doce disponível para banho. Mas bem, à respeito da segunda não posso reclamar pois é algo já esperado para um passeio razoavelmente barato.

San Blas é um dos lugares mais lindos que já vi e recomendo à todos. Foi o que mais gostei no Panamá, sem dúvida. Mas como tudo que é bom dura pouco, após cinco dias de viagem chegamos à Porto Belo. Nos despedimos do capitão Juan David e todo o grupo subiu em um chicken bus com destino a Colón.

A idéia era chegar em Colón somente para tomar o trem que cruza o país desde o Atlântico até o Pacífico, chegando à capital: Cidade do Panamá. Colón é conhecida por ser extremamente insegura e enquanto esperávamos o trem saímos apenas para conhecer a zona franca. E digo somente conhecer porque era um feriado e muito poucas lojas estavam abertas. A viagem de trem custou mais ou menos U$25 e durou 45 minutos. Ou seja, cruzamos o Panamá de oeste à leste a baixa velocidade em menos de uma hora. Nesse momento eu entendi porque o canal foi feito lá! A viagem foi interessante com uma vista do canal e dos barcos imensos que o cruzavam durante quase todo o trajeto.

Chicken bus em direção à Colón
Trem desde Colón à Cidade do Panamá
Canal do Panamá
Trem cortando o canal do Panamá
O passeio de trem foi divertido mas o mais legal foi a chegada ao lado do pacífico aonde ficamos à observar o canal funcionando com todos seus diques e elevadores em funcionamento enquanto o canal funcionava. Existe também uma espécie de museu que conta toda a história do canal. E nos contaram também sobre a obra de ampliação do canal já que alguns mega cargueiros dos dias de hoje tem dimensões que superam as do canal. A obra deveria levar mais ou menos 10 anos e é a primeira grande intervenção desde que o canal passou de mão estadunidenses para panamenhas.


Nosso grupo seguia unido, sem nenhuma baixa, desde as ilhas San Blas e acabamos nos hospedando todos no mesmo albergue, chamado Luna's Castle. Apesar do nome não há nada de castelo, mas sim uma casa gigante em estilo colonial. O albergue era recomendado pelo Lonely Planet e tinha uma área comum bem legal com mesas, churrasqueira e bar vendendo cervejas Atlas e Balboa por U$1. Aliás, a moeda oficial do Panamá é o dólar, a única diferença à respeito da original dos EUA são as moedas que tem outros desenhos e são chamadas Balboa.

Exploramos um pouco a Cidade do Panamá com um guia local que nos fez um bom desconto devido ao grupo que era grande e passamos pelo centro histórico e depois pela parte nova aonde estão os mega arranha-céus. O contraste entre os dois lados é grande e mostra um país que apesar de ter abraçado a globalização com uma economia bem aberta mantén suas raízes. Os ônibus coletivos no melhor estilo "chicken bus", por lá são chamados "diablos rojos", e estão fadados a desaparecer já que logo serão substituídos por outros mais modernos. A economia do Panamá cresceu impulsionada pelo canal e hoje é um pólo financeiro e porque não dizer de lavagem de dinheiro!


Centro histórico de Cidade do Panamá
Mas bem, após essas semanas explorando Colômbia e Panamá era hora de voltar. A viagem por San Blas se estendeu mais do que imaginávamos e não deu pra ir ao norte do Panamá. Fica pra próxima!

Jantar de despedida


Colômbia e Panamá - Final

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