terça-feira, 25 de junho de 2013

Quer desculpa melhor para viajar do que o casamento de um amigo? E fui justamente para aproveitar que um amigo se casaria em Parma que a Rocio e eu decidimos, além de ir ao casamento, aproveitar outras duas semanas e meia pra conhecer a Itália. Antes de começar a viagem planejamos bem o roteiro. A idéia era passar por várias cidades mas sem gastar muito tempo em trânsito, por isso acabamos enfocando no norte já que o objetivo principal, Parma, está lá. Quando já tínhamos decidido nosso itinerário era hora de escolher os lugares onde ficar. Os preços de hospedagem nas cidades turísticas italianas são caríssimos e acabamos escolhendo lugares mais simples como bed & breakfast e albergues com quartos privados. Compramos também às passagens de trem online no site da Trenitalia, já que essa é com certeza a melhor maneira de viajar por lá. 

Todo esse planejamento era necessário porque além de ser um dos países mais visitados do mundo no verão o fluxo de turistas é absurdo e em muitos lugares beira o inacreditável!

Tomamos um voo noturno em Buenos Aires com direção à Milão fazendo escala em Roma. Acabei assistindo a vários filmes ao invés de dormir no avião e ao chegar a Milão pouco antes da hora do almoço eu estava acabado! Milão tem 3 aeroportos e como havíamos feito escala em Roma chegamos no doméstico chamado Linate. Tomamos um ônibus e o metrô e chegamos ao albergue Galla localizado em um bairro chinês, sem muita dor de cabeça. O albergue era razoável apesar do preço salgado de 50 por noite por casal. Imaginem os preços das outras opções... O meu plano era dormir um pouco e sair por volta das 18:00 mas a Rocio me convenceu de que se dormíssemos não acordaríamos até o outro dia. Um pouco contrariado por conta do cansaço decidi sair e seguimos até o Castelo Sforzesco. A entrada ao castelo era paga mas acabamos percorrendo apenas os jardins e monumentos deslumbrados com a arquitetura do lugar até que em um determinado momento decidimos fazer como os locais e dormir uma sesta no gramado do parque. Acordamos uns 40min depois devidamente revigorados e prontos para seguir o passeio.


Galeria Vittorio Emanuele II

Pelo centro de Milão

Já havíamos escutado que havia que comprar a entrada para ver a famosa pintura A Última Ceia de Leonardo da Vinci com antecipação. Pensamos que poderíamos chegar à galeria e comprar a entrada para os próximos dias mas chegando lá tomamos um grande balde de água fria! A fila de espera era de mais ou menos 1 mês! Recomendo aos que forem a Milão comprar a reserva online para não se dar mal como nós. Milão tem museus incríveis e bem grandes mas por alguma razão A Última Ceia está em uma minúscula galeria com poucas entradas por dia. Após a tarde passeando decidimos voltar ao albergue parando para comer alguma coisa no caminho e finalmente descansar.


No dia seguinte, depois de uma noite bem dormida, acordamos e decidimos conhecer a Catedral de Milão, também chamada Duomo, que é o cartão postal da cidade com seu estilo gótico e sua fachada com mármore branco. A catedral está bem localizada em uma praça gigantesca e por conta de uma feira de países estava toda decorada com bandeiras. Um ponto importante a ter em conta é que mesmo no verão todos tem que usar roupa abaixo dos joelhos e cobrindo os ombros, o que pode pegar algumas mulheres desprevenidas. A entrada a catedral custou 2€ e te dá direito a entrar à catedral e ao museu. Na verdade descobri que a entrada à catedral é grátis, você paga para tirar fotos. As maneiras de tirar dinheiro de turista não param de me surpreender... O interior é magnífico e vale à pena.


Em seguida decidimos subir até o terraço da catedral. Perguntei ao atendente o preço da subida e ele disse algo que só entendi um pouco depois que seria "ascensore o scale". Como não entendi respondi usando todo o meu italiano "sí". O atendente com o bom humor típico dos italianos dessa vez gritou em alto e bom som pensando que com o volume mais alto eu o entenderia "ascensore o scale". Eu não entendi mas o entreguei 20€ e ele nos entregou os bilhetes para subirmos até o terraço pelo elevador. Depois descobri, conversando com outros turistas, que ele perguntava se eu queria subir via elevador ou escadas já que os dois tem preços diferentes. Não era má idéia subir pelo elevador, mesmo que um pouco mais caro, no calor do verão italiano. E depois que a raiva passou começamos a percorrer o terraço da catedral que era bem legal e te dá uma vista panorâmica incrível da cidade.

O mais próximo que chegamos de A Última Ceia

Um copo em formato de bota no país com formato de bota


Arco do Triunfo de Milão


Catedral de Milão

Saindo da catedral seguimos à Galleria Vittorio Emanuele II, que tem uma faixada incrível e está localizada na mesma praça da catedral. A fome apertou, já eram umas 15:00, e acabamos almoçando em um dos restaurantes da galeria. Aí vem uma dica muito importante não só pra Itália mas pra praticamente todo o mundo. Próximo à algum monumento você nunca encontrará boa comida por um preço razoável. A conta foi quase um infarto por uma macarronada bem genérica. O melhor foi a cerveja que ajudou a refrescar. Entramos na galeria e aí estão lojas das grifes italianas e mundiais mais conhecidas como Prada, Gucci e Louis Vuitton. Um detalhe importante é que a praça da catedral é o melhor lugar da cidade para "scams" ou golpes. Alguns que vi consistem em pessoas que te entregam uma pulseira grátis, flores grátis, e milho para os pombos também grátis, claro. Mas logo te pedem uma pequena gorjeta de 10€ ou mais, que é um absurdo. O problema é que a maneira com que te pedem a gorjeta e praticamente uma extorsão podendo ficar até violento e a maioria dos turistas acabam pagando.


No dia seguinte tomamos o trem de Milão até Veneza. A viagem durou cerca de 2:30 e a passagem custou 37€ por pessoa. Antes de falar das atrações de Veneza quero mencionar dois pontos importantes que são o transporte público e a hospedagem. O transporte público de Veneza é feito em barcos que funcionam exatamente como um ônibus coletivo ou metrô, chamados vaporetto. Antes de comprar as passagens você tem que fazer um bom planejamento e a razão é o preço já que um ticket de 1h custa 7€, o de 24h custa 29 e o de 48 custa 30. E quanto à hospedagem o ponto importante é que muitos dos hotéis que dizem estar em Veneza não estão na verdade em Veneza mas sim no continente, em Mestre ou em alguma ilha próxima. Os preços são mais baratos do que os de Veneza e podem até valer à pena. O único a ter em conta é que o transporte público não funciona 24h funcionando mais ou menos até às 23:30 dependendo da linha. Imagine que você quer ir àquela festa ou àquele restaurante incrível e na hora da volta não há mais transporte. Há uma linha noturna, mas o percurso é limitado e a frequência é mínima. Lhes conto essa história justamente porque havíamos feito uma reserva em um hotel que ficava no continente por engano, já que o site do hotel dizia que estava em Veneza, e tivemos que cancelar depois de pesar os prós e contras.


Metrô em Milão

Primeiro dia em Veneza


Em Veneza nos hospedamos em um bed & breakfast chamado Veneziamia que foi exatamente o que buscávamos: um quarto localizado na ilha de Veneza com um preço razoável, e que nos custou mais ou menos 48€ / noite para o casal. O único problema foi encontrar o lugar! Veneza é um verdadeiro labirinto com centenas de pontes e milhares de ruas estreitas. A dona do hotel que já conhecia esse problema combinou nos encontrar em um McDonald's e de lá seguimos juntos. Ela nos mostrou o nosso quarto e a área comum para tomar café da manhã. Os italianos odeiam inglês e ela nos explicava tudo em italiano bem devagar. Eu e a Rocio não falamos nada de italiano mas entendíamos 80% do que ela falava pela proximidade da língua e também pelos gestos. Em um momento eu tentei falar com ela em português e ela não me entendeu absolutamente nada. Mas quando a Rocio começou a falar com ela em espanhol ela a entendeu 100%. Nesse momento descobri que o italiano é muito mais próximo do espanhol do que de nosso querido português.

É até difícil falar das atrações mais imperdíveis de Veneza porque a cidade por si só é a atração com todos os seus canais e barcos. Após a viagem de entrada e check-in no hotel tínhamos uma fome incrível e acabamos comendo no McDonald's por não querer procurar algum lugar legal por um preço razoável, algo que não me orgulho muito. Passamos todo o dia caminhando pela cidade e como havíamos comprado as passagens de 48h dos vaporettos tínhamos total liberdade para ir aonde queríamos.


Habitante local de Veneza em seu barco privado

Uma gôndola por Veneza

No primeiro dia em Veneza aproveitamos o que restava da tarde caminhando meio perdidos e deslumbrados pela cidade tirando muitas fotos. O único que fizemos foi entrar no museu Guggenhein, que ficava próximo ao nosso hotel. Uma história engraçada e que me mostrou como os italianos são orgulhosos de sua comida aconteceu durante o jantar. Pedimos uma massa em um restaurante sugerido pelo trip advisor e a Rocio não comeu toda sua lasanha. Pedi a conta e o garçom ficou bravo dizendo algo como "non ha finito di mangiare". Ele ficou bravo porque ela não havia comido todo seu prato.


No dia seguinte acordamos cedo e seguimos à praça e catedral de San Marco que estão próximas ao Grand Canal. Após percorrer a praça entramos no Palácio Ducal que tem uma vasta coleção de arte. A entrada custou cerca de 35€ e recomendo ir durante à manhã já que a fila durante à tarde é longa e pode demorar mais de uma hora. Uma dica importante para os que forem à Veneza é levar garrafas plásticas de água e enchê-las nas várias fontes com água potável espalhadas pela cidade. Durante o jantar provamos o spritz, que é o drink típico da região e consiste em um coquetel com vinho em um restaurante próximo à ponte de Rialto. Enquanto jantávamos passou uma ambulância, que também é um barco, à alta velocidade e o garçom nos disse para levantarmos as pernas. Ninguém entendeu o porque e poucos segundos depois uma onda subiu pela rua e molhou os pés de quem não o havia obedecido.


Provando o spritz

Por uma das várias fontes espalhadas por Veneza

No último dia em Veneza acordamos cedo e aproveitei para tomar um banho antes de sair. No banheiro havia uma cordinha pendurada e eu, goiano que sou, a puxei pensando que era para regular a temperatura da água. Menos de um minuto depois a dona do hotel veio correndo e batendo na porta do banheiro com força perguntando se eu havia sofrido um acidente. A tal cordinha é para os idosos pedirem ajuda se tem alguma emergência. Esse é ou não é um país de idosos? Durante a manhã percorremos a feira da cidade e aproveitamos para tirar as últimas fotos antes de embarcar no trem rumo à nosso próximo destino: Florência.

Itália - Parte 2 - Florencia, Pisa, Parma e Cinque Terre

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