sábado, 9 de novembro de 2013

Após Semuc Champey se iniciava uma pequena epopeia para seguir até uma ilha em Honduras chamada Utila. Mohammad e eu seguimos até Cidade de Guatemala, aonde chegamos no mesmo dia por volta das 20:00. Acabamos ficando em um albergue mais próximo do aeroporto já que a única coisa que queríamos era dormir para ir ao aeroporto no dia seguinte cedo. O único problema é que era praticamente impossível dormir. Havia um grande grupo de mochileiros bem alternativos adeptos do circo. Inclusive em um momento em que eu escutei sua conversa, descobri que era um grupo de argentinos que vinham do Brasil. E eles criticavam, olha só, nosso arroz com feijão! Hahahaha! Não deixei barato e lhes disse que arroz com feijão é vida! Acabamos nos enturmando, o que rendeu boas conversas até tarde.

Fomos dormir de madrugada e poucas horas depois despertamos e seguimos ao aeroporto. Mohammad seguiria de volta à Argentina enquanto eu seguia viagem com destino final Utila, em Honduras. O voo tinha escalas em San Salvador e Tegucigalpa, que diga-se de passagem vez ou outra é eleita a cidade mais perigosa do mundo, com o maior número de mortes por arma de fogo a cada 10 mil habitantes. No aeroporto em Tegucigalpa encontrei uma amiga que viajaria comigo até Honduras. De Tegucigalpa voamos a La Ceiba e pegamos um táxi do aeroporto ao porto, aonde tomaríamos um barco até Utila. Ao menos não havia espera entre os voos e chegamos ao porto em La Ceiba um pouco depois do almoço. Os barcos que seguem à Utila são da empresa Utila Princess e fazem o percurso duas vezes por dia. A viagem dura mais ou menos uma hora e meia e foi bem tranquila. O calor era de rachar e resolvi ficar na parte do barco com ar condicionado e até tirei um cochilo



Centro de Utila
Epopeia para chegar à Utila


Utila faz parte de um arquipélago chamado Ilhas da Baía, ou Bay Islands em inglês. As outras ilhas principais são Roatán (a maior das três e capital do estado) e Guanaja. E vocês devem estar se perguntando, mas o que você foi fazer lá? As ilhas da baía são muito conhecidas pelos amantes do mergulho. E apesar de haverem destinos melhores pelo mundo, poucos combinam os incríveis corais da região com preços tão atrativos. Cada uma das três tem seu atrativo. A menos turística é Guanaja. Já Roatán é conhecida por um turismo um pouco mais alto nível, se comparada com Utila, e conta inclusive com um pequeno aeroporto, apesar de que o preço dos voos não são muito atrativos. Já Utila é conhecida pela imensa quantidade de jovens que inundam a ilha buscando cursos de mergulho barato.


Apesar de Honduras não fazer parte da lista de destinos turísticos de grande parte do mundo, principalmente pela insegurança, as Ilhas da Baía são um mundo à parte já que são mais seguras do que o restante do país. A colonização deles foi inglesa, e não espanhola. A população fala inglês, mas quando se comunicam entre eles, usam um inglês bem crioulo misturado com um pouco de espanhol. A parte do inglês é bem caribenho e a parte espanhola não faço nem idéia de com o que se parece. A população em geral se assemelha fisicamente aos garifunas na Guatemala, mas existe também uma imensa quantidade de expatriados. Sem contar os rastafári que aproveitam o clima legalize da ilha, já que praticamente tudo é permitido e a pouca polícia que há faz vista grossa pra tudo que não envolva violência.



Vista do albergue Captain Morgan
Vista do porto em La Ceiba

Chegando a ilha decidimos procurar um lugar aonde ficar. Não tinha feito nenhuma reserva mas havia lido algumas resenhas de escolas de mergulho, por isso tinha alguma idéia. O legal das escolas de mergulho de lá é que se você faz o curso com eles, pode ficar no albergue da escola grátis. Acabamos fazendo o check in em uma escola chamada Captain Morgan e pagamos para fazer o curso Open Water Diver, que levava mais ou menos 3 ou 4 dias, dependendo da sua pressa. O curso custou U$280 (com licença PADI) e incluía todo o equipamento, a hospedagem, 2 mergulhos grátis após o curso e uma camiseta da escola. O albergue também contava com seu próprio bar com algumas opções de comida simples para almoço e janta. Aceitava muitos tipos de pagamento diferentes, desde lempira (moeda hondurenha) e dólar até o bom e velho fiado!


Mas voltando ao mergulho, se você nunca mergulhou, eu te digo que é uma das coisas mais incríveis que você pode fazer. Diferente de uma floresta, aonde os animais fogem de você, no fundo do mar você é apenas um animal a mais. Toda a fauna continua sua rotina sem te dar nenhuma bola. E ainda mais em algum lugar com corais em boas condições, o show de cores é incrível. O recife que passa por Utila e chega até o sul do México é o segundo maior do mundo, só perdendo para o da Austrália. E o mais surpreendente é que enquanto a barreira de corais da Austrália está em uma situação calamitosa, ao menos em Honduras, o recife está em boas condições. Acabei me apaixonado por mergulho e meu arrependimento é não ter comprado nenhuma câmera à prova d´água para fotografar o que vi por lá. Já mergulhei muitas outras vezes em diversos países mundo afora, mas em raríssimos lugares me deparei com uma fauna tao exuberante. Em Utila vi muitas moreias, tartarugas, arraias e uma quantidade incrível de peixes os mais variados possíveis.


Gostei tanto do curso que após terminar o Open Water Diver decidi fazer o curso Advanced Open Water Diver. A principal vantagem, na minha opinião, foi além de outras especialidades, poder mergulhar mais fundo. Em teoria, com o Open Water Diver você está apto para mergulhar até 18 metros, enquanto o avançado te permite mergulhar até 30 metros. As outras especialidades do Open Water incluíam navegação, mergulho noturno, barco submergido e caverna. Todos foram bem interessantes mas aproveito pra destacar o mergulho noturno que é incrível, principalmente quando há lua nova. A sua visão é extremamente limitada e se restringe apenas ao que a lanterna aponta. Além disso, a fauna noturna é totalmente diferente da diurna.

Apesar de a maior parte das escolas da ilha oferecem a certificação PADI, SSI pode ser também encontrada e custa um pouco menos.


Vista do Captain Morgan
Mais uma vista do Captain Morgan
Guifiti
Descansando na rede
E não só de mergulho vive a ilha. A vida noturna também é bem movimentada. Os turistas, de 20 a 30 anos em média, viajam a ilha com vontade de aproveitar. E a imensa quantidade de yankees, canadenses, europeus e australianos aproveitam os preços baratos não só pra mergulhar mas também pra consumir doses cavalares de álcool. E de alguma maneira rastejar até o barco no dia seguinte e mergulhar. Enquanto em muitos lugares do mundo os instrutores são muito estritos com a regra de não consumir álcool na noite anterior, em Utila, se você estiver respirando já é o suficiente pra subir no barco e mergulhar. Hehehehehe! E eu escrevo isso com conhecimento prático do assunto.

Há uma imensa quantidade de bares na ilha e mais ou menos cada noite um deles faz uma determinada promoção e todos os turistas se juntam nesse lugar. Havia por exemplo, noites de tequila a U$0,50 a dose ou copo de vodka envelhecida no coco a também U$0,50. Revendo minhas fotos da viagem, apesar de não ter nenhuma foto de mergulho, já que não tinha câmera, tenho um milhão de fotos da vida noturna da ilha.


O bar mais famoso da ilha é chamado Skid Row Bar e eles criaram o "famoso" Guifiti Challenge. Se você é de mochilar, não me estranharia que já tenha cruzado com alguém com uma camiseta do desafio. O guifiti é uma bebida tradicional garifuna. O que o Skid Row fez foi modificá-lo a sua maneira, adicionando tipos de bebida diferentes envelhecidos em raízes e folhas. E o desafio consiste em tomar 4 doses do trago e correr em volta de uma mesa. E como nada é fácil o garçom te gira depois de cada dose. Não parece tão terrível, mas depois de provar o tal guifiti, você irá entender o que estou falando. A melhor descrição da bebida é: asquerosa! O desafio custa 200 lempiras, mais ou menos U$10.



Pela noite de Utila
Galera no albergue
Depois de muito mergulho e descanso em Utila, havia chegado a hora de voltar a vida normal.

Guatemala e Honduras - FINAL

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