domingo, 3 de novembro de 2013

O plano era viajar de Antigua à Flores, mas como não encontrei transporte direto tivemos que parar em Cidade de Guatemala e tomar um ônibus noturno à Flores. Há vans que fazem essa viagem, mas estavam cheias. A desvantagem de passar por Cidade de Guatemala é que a viagem é mais longa. A vantagem é que os ônibus costumam ser muito mais confortáveis do que as vans já que as poltronas reclinam. Recomendo a empresa Linea Dorada. Os ônibus não mencionam Flores como a parada, mas sim Santa Elena, já que Flores propriamente dita é somente o nome da pequena ilhota. Mas para a finalidade do blog, mencionarei Flores. Nosso trajeto de Antigua à Cidade de Guatemala demorou mais do que o esperado já que o trânsito estava horrível. Mas mesmo assim chegamos a tempo de subir ao ônibus por volta das 20:30 em direção à Flores.

A viagem foi bem tranquila e minha única recomendação, e algo normal nessa parte do planeta, é levar uma jaqueta ou um cobertor já que o ar condicionado do ônibus está sempre no máximo. Dormi a maior parte do trajeto, o que é uma boa indicação de que tudo transcorreu bem.


Chegamos a Flores bem cedinho, por volta das 05:30 da manhã e fomos ao nosso albergue. A escolha havia sido feita pelo meu amigo Mohammad, uma pousada chamada Chaltunha. O lugar é bem legal, no meio da selva, e os quartos são na verdade cabanas. O café da manhã é pago, mas muito bom e barato. A diária na habitação compartilhada saiu mais ou menos U$6 por pessoa. A desvantagem é que fica do outro lado do lago Petén e por isso você depende das canoas que cruzam de um lado ao outro, somente entre às 06:00 e 19:00. Os locais pagam centavos pela travessia, os estrangeiros pagam 5 quetzal. O Chaltunha paga sua canoa quando você faz o check-in e também quando faz o check-out. O albergue mais conhecido de Flores se chama Los Amigos e é uma espécie de albergue de festa (party hostel). Como o check-in era às 14:00, deixamos as mochilas e voltamos à cidade seguindo as indicações do do dono do Chaltunha à tempo de subir em uma van com destino à Tikal, que era a principal razão de ir à Flores.


A dica mais preciosa que ele nos deu é que próximo a parada da van há muitos coiotes, como se diz por lá, que dizem aos turistas que as vans estão cheias e que eles te levam no seu taxi, ou vendem eles mesmos uma passagem do ônibus. Obviamente por um preço muito mais caro! Muitos coiotes nos ofereceram seu serviço. Pagamos 80 quetzal pela van normal ida-e-volta e saímos às 07:00 e em menos de uma hora chegamos ao parque. Há vans que te levam durante a madrugada para estar no parque durante o nascer do sol.



De barco pelo lago Petén
Albergue Chaltunha
Vista da ilhota de Flores
Vista do albergue Chaltunha




Para quem não conhece Tikal é um parque aonde se encontram ruínas gigantescas da civilização maia. As ruínas estão no meio da selva trazendo a mesma atmosfera de contato homem-natureza que tem Machu Pichu. A vantagem é que Tikal é muito menos turístico, o que te leva a uma experiência menos Disneilândia do que seu amigo inca no Peru. Passamos todo o dia percorrendo o parque seguindo o mapa que tínhamos. Não contratamos guia mas usamos o Lonely Planet que tinha muita informação sobre o lugar. Durante a tarde choveu bastante e logo o chão ficou muito escorregadio, o que nos rendeu alguns tombos.
Duas experiências legais no parque foram ver as pessoas que retiram as aranhas gigantes do piso e as deixam caminhar pelo seu corpo e também fugir dos macacos que atiram as próprias fezes nas pessoas que se aproximam de seu território! Hahahaha! Coloquei uma foto da placa de advertência.


Por Tikal
Ruínas em Tikal
Placa avisando do perigo do macaco que atira cocô
Placa em Tikal
Voltamos à Flores já tarde e muito cansados já que vinhamos de uma noite mais ou menos dormida em ônibus. No dia seguinte aproveitamos para caminhar por Flores, que é bem pequena. Estávamos com um holandês do albergue e negociamos com o dono de um barco à motor para nos levar pelo lago Petén. Passamos pelo zoológico Petencito, aonde haviam muitos estrangeiros fazendo serviço voluntário cuidando de animais recuperados de caçadores que os vendem no mercado negro. Mergulhamos um pouco no lago e pedimos ao dono do barco que nos deixasse em um ponto aonde havia um mirante e uma trilha de poucos quilômetros que levava ao albergue. Acabamos calculando um pouco mal a hora e terminamos a trilha já sem luz.


Tikal
Tikal

No dia seguinte subimos em outra van em direção à Coban. A idéia era agora seguir até lá, aonde tínhamos reserva em um albergue chamado Casa Luna, e usar Coban como base para explorar Semuc Champey. O caminho foi complicado contando com balsas e muito trânsito. O pessoal que estava na van era bem gente boa e acabamos nos enturmando. Ficamos à cargo da comunicação com o guia já que éramos os únicos que falavam espanhol e todos estavam bem preocupados com a segurança. Decidimos seguir a dica do pessoal e não parar em Coban, mas sim seguir até Lanquin, que fica bem mais próxima do parque. Bastante gente se hospedaria em um albergue chamado Zephyr, que aparentemente é bem conhecido e com uma atmosfera bem parecida com o Los Amigos, que mencionei acima em Flores.


Chegando em Lanquin infelizmente o albergue estava lotado e nos juntamos com outras pessoas que não tinham reserva pra ver o que fazer. Acabamos aceitando a oferta de uma pousada que ficava ao lado de Semuc Champey e subimos na carroceria da caminhonete deles. Antes da viagem começar eu pensei que os gringos não gostariam do trajeto de pé na caçamba da caminhonete, se segurando aonde desse, pela estrada de terra cheia de ladeiras. Mas pelo contrário, iam gritando com a maior alegria do mundo. Vou admitir que acabei entrando na onda deles. Hehehehe.


Uma hora depois de sair de Lanquin chegamos à pousada El Portal de Champey. O lugar era bem simples e barato. Leve dinheiro pois não há caixas eletrônicos próximos e nenhum lugar por lá se aceita cartão. Já estava escuro e fomos ao restaurante comer e tomar umas cervejas com a turma. O hotel tem energia elétrica durante as horas horas do dia já que à noite desligam o gerador à diesel. Sem muita opção fomos dormir por volta das 21:00 para acordar cedo no dia seguinte. O quarto era compartilhado entre eu, meu amigo e um alemão que estava viajando conosco desde a van de Flores. Mal eu sabia a experiência engraçada que teríamos durante a noite.



Piscinas naturais de Semuc Champey
Em Semuc Champey


O quarto não tinha janela. Sim, havia um buraco aonde deveria haver uma, mas era totalmente aberta. A idéia deveria ser ter uma vista legal para o rio ao lado mas na verdade eu me preocupei com as muriçocas e outros insetos. Perguntei ao recepcionista e ele me disse que não tinha mosquiteiro. Mas me disse também que nas habitações não haviam moscas porque as aranhas as comiam. Hahahaha. Estava no meio do nada então pensei que a única solução seria me cobrir com um lençol e dormir pesado. Acordei umas 06:00 com um barulho no quarto. Pensei que era o meu amigo e mandei um "fique quieto aí". Como vi que não surtiu efeito porque o barulho continuava eu virei pro lado pra ver o que era e pra minha surpresa era um macaco comendo frutas e atirando as cascas no chão - bem tranquilo. Eu não sabia se ria ou se tirava o bicho dali. Que situação! Tentei levantar da cama pra expulsá-lo mas o bicho se assustou com meus movimentos e saiu do quarto se equilibrando pelo buraco da janela. Mais tarde falei com o recepcionista que me disse que não era a primeira vez que isso acontecia!



Vista do quarto do hotel
Semuc Champey

Após essa experiência engraçada já não consegui mais dormir e decidi dar uma volta pela pousada e tomar o café da manhã. Logo seguimos à conhecer Semuc Champey ainda bem cedinho e fomos as primeiras pessoas a caminhar por lá durante esse dia. Tão cedo que entramos sem pagar, rs! Apenas vimos a placa que dizia 50 quetzal por pessoa para os estrangeiros, mas como não havia ninguém decidimos entrar. Por lá pude ver porque Semuc Champey é um dos cartões postais da Guatemala. A cor das piscinas naturais é incrível! O fundo é de calcário com diferentes colorações alterando a cor da água. A temperatura também é boa, como já era de se esperar. Há muitas cachoeiras e você pode explorar o parque caminhando pelas margens do rio. A dica de seguir até lá veio de uma amiga guatemalteca que conheci em uma viagem da vida e me disse que esse era o lugar mais lindo de seu país. Tenho que concordar! Passamos a manhã toda por lá e pouco depois do almoço era hora de começar a última parte da viagem.

De lá começamos a volta até a Cidade de Guatemala, de onde eu seguiria à uma ilha em Honduras chamada Utila e meu amigo iraniano iria a seu país. Mas isso fica para o próximo capítulo.


Guatemala e Honduras - Parte 3 Final - Utila em Honduras

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