domingo, 9 de julho de 2017

Sempre tive vontade de conhecer a Noruega. Esse país recheado de geleiras, montanhas, lagos e fiordes me fascinou. O que acaba por afastar muitos turistas, e também a mim, são os altos preços noruegueses. Mas aproveitando que estávamos na Dinamarca e as passagens aéreas de baixo custo estavam bem convidativas, Rocio e eu decidimos ir. Para não pesar tanto no orçamento, decidimos nos hospedar em airbnbs enquanto estivéssemos nas cidades, e em camping enquanto estivéssemos nos parques. A ideia era estar em lugares com cozinha para não ir a restaurantes e tentar economizar aí.

O transporte entre cidades foi o mais caro da viagem e infelizmente não havia muito como escapar, sendo uma viagem curta. Não há competição entre empresas de ônibus ou trem. O trem é sempre da estatal NSB e os ônibus que cobriam nossos destinos eram todos da empresa NOR-WAY. Uma dica importantíssima é comprar tudo online e com antecipação. Os ônibus costumam oferecer desconto pela compra online. E quanto aos trens, a antecipação é ainda mais importante. Nós compramos um trecho com "apenas" um mês de antecipação e o preço saiu o dobro do que se tivéssemos comprado com três meses. Mas, pra quem conta com mais tempo, minha dica e alugar um motorhome. Entretanto, não serve muito pras cidades, pois fica difícil estacionar. Mas pra quem for focar na natureza, com o motorhome você estaciona e dorme onde bem entender e ainda cozinha no carro mesmo.


Ópera em Oslo


O moderno centro de Oslo

Voamos de Copenhague a Oslo e em pouco mais de uma hora chegamos ao aeroporto da capital norueguesa. Para os que querem fazer uma viagem diferente saindo de Copenhagen, também se pode ir em barco. E logo ao chegar ao aeroporto e procurar o transporte ao centro, nos deparamos com os preços noruegueses. O ônibus da empresa Flybussen, custavam mais ou menos U$35. Ao menos parava bem próximo ao nosso airbnb, no bairro de Grünerløkka.

Já devidamente instalados, decidimos sair para conhecer a cidade. A melhor maneira que encontramos para nos locomover por Oslo foi usar o aluguel de bicicletas da cidade. Para quem não tem ou não quer usar o 3G, você pode receber uma senha por sms. Usamos também os bondes, comprando as passagens pelo aplicativo Ruter. Apesar de Oslo não ser uma cidade grande, há muitas distâncias que ficam inviáveis de percorrer a pé já que as atrações estão espalhadas.

Em nosso primeiro dia, caminhamos pelo bairro de Grünerløkka, que tem muitos cafés e restaurantes. Então, seguimos até ao jardim botânico. O interessante foi ver o dia-a-dia dos noruegueses que aproveitavam do seu verão para fazer churrasco nos parques da cidade. Como fazia sol, a grande maioria dos locais usava apenas trajes de banho! Já o jardim botânico é bem grande e com plantas de todos os lugares do mundo, sendo perfeito para caminhar tranquilamente. A entrada é gratuita. No mesmo espaço, estão alguns museus como o Museu de História Natural e o museu do mais famoso artista norueguês, Munch, apesar de que esse último logo estará de mudança para outro bairro da cidade.


No Parque Vigeland em Oslo

Saindo do jardim botânico, fomos caminhando à parte mais central da cidade conhecer o seu mais conhecido cartão postal, a Ópera de Oslo. A arquitetura do lugar é incrível e se mistura perfeitamente com a água dos canais. Inclusive, muita gente aproveitava o verão e entrava na água lá mesmo. Apesar do aparente "calor", a temperatura não chegava aos 20 ºC, e olha que Oslo seria de longe o destino mais quente dessa viagem. Caminhamos um pouco por dentro e por fora da Ópera e aproveitamos para tirar fotos e apreciar os noruegueses curtindo esse lindo dia.

No último destino do dia, fomos à Sørenga. Essa é uma parte da cidade que fica próxima à Ópera e onde os noruegueses aproveitam para entrar na água. Havia areia, trampolim e duchas. Ficamos com vontade de entrar, mas infelizmente durante essa caminhada não levávamos roupa de banho. O mais interessante é que diferente dos mergulhos no mar em países tropicais - quando passamos às vezes horas dentro d'água - lá as pessoas mergulham e saem. Afinal de contas, a temperatura da água não é muito agradável.


Sørenga em Oslo

O Grito de Munch

Durante nosso segundo dia em Oslo - e único dia completo pela cidade - queríamos aproveitar e ir a alguns museus. Eu adoro história relacionada à corrida para chegar aos pólos, principalmente à do pólo sul, no começo do século XX. Então, subimos no barco que fica em frente à prefeitura e fomos ao Museu Fram. O Fram foi um barco usado por vários exploradores noruegueses, inclusive por Roald Amudsen, que liderou a primeira expedição a chegar ao pólo sul. O museu foi construído em volta do barco que está em perfeitas condições e pode ser percorrido. Além disso, você pode assistir a filmes e aprender mais sobre como pensavam e como viajavam os exploradores polares da época. A entrada custa 100 NOK (U$13).

Na mesma região da cidade, estão também outros museus como o marítimo norueguês e o de barcos vikings. Não nos interessamos tanto por esses outros museus e decidimos voltar ao centro da cidade para conhecer a Galeria Nacional Norueguesa. O principal tesouro do museu é a obra O Grito, de Munch. Tivemos muita sorte porque era uma quinta-feira e nesse dia a entrada ao museu era grátis! Além de O Grito, o museu tinha muitas outras coisas interessantes, não só norueguesas, mas também de outros países da Europa.

Após a ida ao museu, caminhamos um pouco pela Residência Real, porém apenas do lado de fora. Em seguida, fomos ao Parque Vigeland, que seria a última atração do dia e também da cidade. O parque conta com esculturas incríveis e é um dos grandes pulmões verdes da cidade. Perfeito para se encerrar o dia.

No dia seguinte, fomos à estação de trem para subir em direção a nosso próximo destino, Flåm. A Noruega pode ser toda percorrida de trem, mas como já havia mencionado, as passagens devem ser compradas com antecipação. Um roteiro turístico sugerido na internet se chama Norway in a Nutshell, em que você viaja de Oslo a Bergen em trem e barco passando por montanhas e fiordes. O legal é que você compra o pacote completo. Como eu e a Rocio queríamos viajar de maneira um pouco mais independente (e também porque o Norway in a Nutshell estava muuuuiiiiito caro), decidimos fazer parte do roteiro também em ônibus. 

A primeira pernada foi a viagem em trem de Oslo a Myrdal, que levou mais ou menos cinco horas. Ao chegar a Myrdal, já estávamos a mais de 1000 metros acima do nível do mar. O mais impressionante é que apesar de estarmos em julho, vimos muita neve e gelo nas montanhas no caminho. A parada em Myrdal foi rápida, apenas para a troca do trem, chamado a partir de lá de Flåmsbanna. O caminho de Myrdal até Flåm, pelo Flåmsbanna, dura cerca de uma hora e tem muita inclinação. O roteiro é bem turístico e inclui paradas em cachoeiras. Para os mais aventureiros, dá para descer de Myrdal a Flåm em bicicleta.


No caminho a Myrdal

Flåm é um povoado minúsculo com 450 habitantes. Entretanto, a cidade é bem turística, principalmente no verão por interessados em conhecer alguns dos fiordes da região. Chegamos ainda durante o dia (aproveitando que o pôr do sol ocorria apenas por volta das 22h30) e fizemos check-in em nosso albergue/camping. O lugar não era barato, mas foi nossa salvação e já digo a razão. Compramos primeiro a passagem de trem para depois fazer a reserva da hospedagem. E ao procurar por disponibilidade de hospedagem nos demos conta de que não havia nada por menos de U$200 por noite! Era véspera de um feriado prolongado e os lugares estavam todos cheios. Após muito procurar, liguei a um HI (Hostelling International) camping da região e eles haviam acabado de ter um cancelamento. Mesmo assim, ainda saiu salgado para nossos padrões, mas normal para os de lá, U$40 a noite por pessoa em um quarto compartilhado.


Vista do povoado de Flåm com direito ao fiorde ao fundo

Aproveitamos o que nos restava do dia para fazer trilhas pelo povoado de Flåm. Achei em um site uns mapas e decidimos fazer a trilha a um mirante que passava por uma cachoeira. Do topo do mirante conseguimos ver todo o povoado e também o fiorde, que seria o destino do dia seguinte. Acabamos jantando no próprio camping, que tinha uma lanchonete onde serviam hambúrguer de rena e carne de baleia. Além da comida exótica, valeu pela vista, no sopé da montanha. Um detalhe importante, que eu ainda não mencionei, é que o oeste da Noruega é conhecido como um dos locais mais chuvosos do mundo. Em Flåm não poderia ter sido diferente, choveu bastante!


Café da manhã em Flåm

No dia seguinte, tomamos café sentados nas charmosas mesinhas da baía enquanto aguardávamos o barco que nos levaria de Flåm até Gudvangen, passando pelo fiorde Nærøfjord. O passeio levou um pouco mais de duas horas e custou 320 NOK  (U$40). Passamos por uma das paisagens mais deslumbrantes que já vi. Os fiordes são uma espécie de vale esculpidos por geleiras que esculpiram a rocha durante milhões de anos. Desde o lago, tínhamos a visão das montanhas com neve nos seus cumes e o seu reflexo perfeito na água, sempre que não havia vento. Tudo muito verde. Durante o trajeto, passamos por vários povoados menores do que Flåm, além de muita gente que estava simplesmente acampada às margens do lago. Isso sim é viver! Muito difícil descrever, por isso deixo aqui muitas fotos, apesar de que só vendo mesmo pra entender.


Povoado às margens do Nærøfjord
Outro povoado ainda mais charmoso às margens do Nærøfjord
O casal 20
Nærøfjord

O destino final de nosso barco, Gudvangen, era apenas uma parada para almoço enquanto esperávamos o ônibus que nos levaria a Voss. Comemos no restaurante que ficava no píer e logo fomos à parada de ônibus. A parada ficava literalmente no acostamento da rodovia, mas até lá a vista era incrível, com uma linda cachoeira. Entretanto, como nem tudo é perfeito, o ônibus estava atrasado. Tão atrasado que começamos a desconfiar que ele havia passado sem que percebêssemos. Após 45 minutos de atraso, eu e a Rocio decidimos que esperaríamos mais cinco minutos e voltaríamos ao povoado para procurar uma carona ou outra maneira de chegar a Voss, visto que já tínhamos reserva em um albergue por lá. E não é que justamente aos 47 minutos do segundo tempo chegou o ônibus. A pontualidade norueguesa já não é mais a mesma...


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