terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Após dias tão legais na República Tcheca era hora de seguir viagem à Viena na Áustria. O nosso plano inicial era ir de ônibus à Viena e também à Budapeste. Muita gente que escuta falar da infra-estrutura de trens da Europa acha que é um meio de transporte barato. Mas com a chegada das linhas aéreas de baixo custo, o trem é hoje o meio de transporte mais caro da Europa. O mais barato são os ônibus, seguido das linhas aéreas de baixo custo e por último os trens. O trem é vantajoso para quem tem bagagem, já que se houver que despachar, as linhas aéreas de baixo custo cobrarão extra. E também porque as estações de trem estão no centro das cidades, enquanto os aeroportos estão mais afastados. Mas voltando a história, acabamos comprando a passagem de trem até Viena já que queríamos aproveitar a experiência. Passamos um pouco de dor de cabeça com a estação de Praga que era bem complicada mas chegamos!


A previsão do tempo dizia que seria um dia de bom clima

Logo ao chegar a estação de Viena pegamos o ônibus e depois o bonde e fomos ao hotel. Visto que os hotéis em Viena tinham o mesmo preço que os albergues, acabamos ficando em um hotel, chamado Kaffeemühle. A localização era boa mas não recomendo. Custou 40€ por noite e só tinha internet na recepção além do que o quarto tinha muito cheiro de cigarro. Logo após o check-in decidimos percorrer a cidade. Já estava escurecendo e não daria pra fazer muita coisa mas decidimos caminhar um pouco e tentar trocar as Coroas Tchecas que haviam sobrado. A Áustria usa o Euro e os cartões são aceitos em qualquer lugar. Enquanto caminhávamos o tempo mudou rapidamente e logo começou a nevar. A nevasca foi ficando cada vez mais intensa e os flocos de neve foram ficando cada vez maiores e logo a neve cobriu a cidade inteira. Brasileiro adora neve e eu não sou exceção. Sempre que a vejo me comporto como menino (o que não é muito diferente do normal). Resumindo, apenas vimos Viena sem neve durante o trajeto do trem ao hotel, já que todo o restante do tempo a cidade estava coberta de neve.


Estátua de Mozart em Viena

Durante esse resto de dia que foi bem curto devido à viagem, aproveitamos para caminhar sem rumo e passamos por muitos lugares legais como o imponente Neue Burg, a Catedral de St. Stephen (que aparentemente tem um telhado bem estilizado mas que estava tapado pela neve), Museum's Quarter com o lindo mercado de natal e a Stephansplatz que fica aberta apenas para pedestres. Caminhamos tanto que acabamos chegando até o Rio Danúbio. Ou seja, saímos sem planos mas acabamos caminhando uns 15 km! Terminamos o dia comendo a tradicional torta Sacher, que havia sido recomendada pela minha sogra. Porém, no dia seguinte acabamos descobrindo que só a cafeteria do hotel Sacher em Viena tem a receita original, que é secreta. Mas bem, pra ser honesto, apesar de não ter comido a original, não achei nada especial.


Mercado de natal próximo à Museum's Quarter
Casal 20 em Viena

Em nosso segundo dia em Viena aproveitamos pra fazer o free walking tour. E esse free walking tour foi um dos melhores que já fiz. Quem acompanha o blog sabe que sou adepto aos free walking tours. Já havia pegado alguns muito bons, mas esse foi sensacional. A guia tinha um tablet já preparado para mostrar cenas de filmes que se passavam nos lugares, fotos das pessoas que mencionava e tudo mais. Uma verdadeira aula interativa. Passamos por praticamente os mesmos lugares que havíamos passado na noite anterior, mas dessa vez com explicação. Escutamos muitas histórias à respeito do nazismo e dos judeus. Visto que Hitler é Austríaco, fica impossível falar de lá sem mencioná-lo. Passamos inclusive por um momento em que a Áustria pede perdão ao mundo por ser responsável pela duas guerras mundias.

Após o final do tour a Rocio, eu e um mineiro que conhecemos no tour acabamos almoçando em um restaurante que a guia sugeriu. O lugar se chamava Reinthaler Beisl e é um restaurante bem local. Comemos o tradicional schnitzel, que nada mais é do que um bife à milanesa. A idéia inicial era ir ao Figlmüller, que é um restaurante que tem mais de 100 anos e é conhecido por ter o melhor schnitzel da cidade, mas é necessário reservar com antecipação.


Jardim do Belvedere
Belvedere

Durante à tarde aproveitamos para ir ao Belvedere. Para quem não conhece, é um complexo histórico com um imenso jardim e um palácio que hoje funciona como museu. Ficamos com vontade de ir porque nossa guia do dia anterior o recomendou bastante. O Belvedere tem muitas pintura de Gustav Klimt, inclusive sua mais famosa, chamada Woman in Gold. Há um filme que conta a história da pintura, que foi roubada de uma família judia na época do nazismo e a batalha de sua sobrinha pra tê-la de volta. Super recomendo. Na volta ainda passamos pelo Museu de História Natural que também foi bem legal. Fiquei bem impressionado com a coleção deles e por sorte justamente nesse dia eles funcionavam até mais tarde. 


Schönbrunn

Em nosso último dia em Viena começamos o passeio pelo Palácio Schönbrunn. Apesar de também funcionar como um museu, apenas percorremos os jardins. Tínhamos planos de ir à outro museu durante a tarde e queríamos economizar um pouco. De qualquer forma, os jardins são belíssimos e o complexo é bem grande. Durante à tarde fomos ao museu Albertina. A coleção do museu é bem grande e prepare-se para passar ao menos 3 horas por lá. A pintura mais famosa é a lebre de Dürer e a entrada custa 13€. Após a maratona de museus e jardins decidimos comer um cachorro quente em uma barraquinha que estava ao lado do museu e aconteceu algo inusitado. Eu tinha apenas umas moedas de euro na carteira e como o vendedor disse que não aceitava cartão eu escolhi exatamente o cachorro quente que dava para o que eu tinha. Ele perguntou se eu queria que colocasse catchup e mostarda e eu consenti. Acontece ao pagar eu descobri que esses condimentos não eram grátis e eu não tinha mais dinheiro! Pensei que o cara ficaria mal humorado mas que nada. Me disse que era presente de natal e ainda me deu uma pimenta.


Fusca em Budapeste

O cachorro quente marcou o fim de nosso dia e também a despedida de Viena já que no dia seguinte seguimos à Budapeste. Nos hospedamos no albergue Friends Hostel & Apartments. Pagamos mais ou menos 30€ por noite no quarto para casal. O albergue está muito bem localizado, em uma distância que se pode facilmente caminhar até os lugares mais legais da cidade. Fica também em uma rua movimentada com muitas opções para comer. Budapeste, como o nome diz, eram antes duas cidades separadas pelo rio Danúbio. Buda é a parte histórica, que está ao oeste do rio, enquanto Peste é a parte plana que está ao leste. Recomendo ficar em Peste mesmo, devido aos preços mais baixos de hospedagem. É bem fácil ir de um lado a outro e as pontes são atrações por si só.

Assim como Praga e Viena, Budapeste também contava com suas feiras de natal. Uma das coisas mais legais dessas feiras é que elas têm espetáculos locais de música, teatro, marionete e muito mais. Em Budapeste, diferente de Praga, haviam poucas coisas em inglês. A maioria era em húngaro mesmo, o que na verdade me fez gostar ainda mais, principalmente dos espetáculos de música. Experimentamos também as comidas típicas do local, que eram muito parecidas com as de Praga. Eles também comem Goulash, trdlo e muitas outras coisas em comum apesar de cada país querer dizer que o seu é o original e também o mais gostoso. A maior diferença que eu achei foi o fato dos húngaros usarem páprica em tudo.


Congresso Húngaro visto desde o Bastião dos Pescadores

Em Budapeste também fizemos o free walking tour mas não só um, fizemos dois! Fizemos tanto o geral da cidade quanto o do comunismo. Os dois foram bem legais. No tour normal ficamos mais por Buda, passando pela Igreja de Matias, o Castelo de Buda e o Bastião dos Pescadores. Esse último lugar aliás, te dá a melhor vista do Parlamento mais lindo da Europa, que é o Parlamento da Hungria. Há um funicular que te leva ao bairro do castelo mas a subida é bem tranquila e se pode subir caminhando. O detalhe engraçado é que nosso guia depois de cada explicação nos perguntava se havia alguma dúvida. Nem dizia nada e ele ficava algum tempo esperando, o que criava um clima engraçado e nos deixava com muita vontade rir.


Igreja de Matias

Durante o tour do comunismo ficamos por Peste apesar de passarmos por lugares interessantes, as explicações foram o mais legal e a guia bem melhor do que o da manhã. O comunismo na Hungria foi mais brando do que o Tcheco. Apesar disso, as marcas desse regime na cidade são visíveis e muita gente foi assassinada ou teve que fugir do país. Uma das histórias que a guia contou era à respeito da família Zwack que produzia a tradicional bebida Unicum - uma espécie de Jägermeister - e fugiu aos EUA. Os comunistas estatizaram a fábrica e seguiram com a produção. O problema é que só a família sabia a receita original então ninguém consumia a bebida. Com o final do comunismo a família voltou à Hungria e a bebida voltou à sua receita original turbinando as vendas. Acabamos comprando para levar de presente. Outro detalhe interessante é o monumento ao exército vermelho que fica de frente à embaixada dos EUA. A Hungria não o derruba por comprar gás baratos dos russos. O jeito yankee de encontrar uma solução para o impasse foi no mínimo criativa. Eles colocaram uma estátua de Ronald Reagan de frente ao monumento, como se eles estivesse vigiando os comunistas. Genial!


Estátua de Ronald Reagan vigiando o monumento ao exército vermelho

Após o final dos tours, fomos ao conhecido Café New York no hotel Boscolo. O café é bem conhecido e imperdível, o mais bonito que já fui. O café foi construído no século XIX e tem uma arquitetura e decoração que remete à Belle Époque. Os preços não são os mais convidativos e tomamos apenas um café e comemos um doce.

Em nosso último por Budapeste e também o último da viagem decidimos fazer um programa bem tradicional por Budapeste. Fomos a uma piscina termal. Devo dizer que a princípio não quis porque não havíamos levado roupas de banho e teríamos que comprar. A Rocio acabou convencendo o mão de vaca e achamos umas bem em conta. Além disso, como era o dia 25 de dezembro, não haviam muitos outros lugares abertos na cidade. Há várias opções de termas mas escolhemos Széchenyi por ser uma das mais conhecidas. Há várias piscinas termais no local, algumas cobertas e outras não. Algo interessante é que a temperatura das piscinas é diferente e uma atividade comum é trocar de uma piscina quente por uma fria. Só passar de uma a outra na parte aberta era uma aventura já que a temperatura, apesar de ter esquentado, estava em torno de 5 ºC. Muita gente também esfregava gelo na pele dentro das saunas. Imperdível! Foi provavelmente a atividade mais legal da viagem e uma ótima maneira de terminar a viagem já que no dia seguinte voaríamos pela manhã. No caminho de volta passamos também pela Praça dos Heróis e por uma pista de patinação.


Termas de Széchenyi
Nada é tão local quanto jogar xadrez nas termas

Foram 10 dias bem legais passando pela Europa Central. Tentei decidir qual cidade eu mais gostei mas é realmente difícil. Cada uma teve seu charme mas eu fiquei bem surpreendido com Viena. Como havia mencionado no capítulo anterior, realmente não tinha nenhuma expectativa mas a cidade me surpreendeu muito. Há bastante coisa legal pra se ver e fazer e a neve deixou tudo ainda mais bonito. Ficamos com vontade de esticar à Salzburg que estava ali do lado mas ficou pra próxima. Outra cidade bem próxima que também parece interessante é Bratislava na Eslováquia, que está há mais ou menos uma hora de ônibus.

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