quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

A Rocio e eu queríamos aproveitar duas semanas que tínhamos de folga para as festas de fim de ano enquanto estávamos em Copenhague e visitar alguns lugares próximos que ainda não conhecíamos. Não precisamos nem pensar muito e logo escolhemos começar a viagem por Praga. Já havíamos escutado muita gente falar de lá, inclusive minha irmã. E todos, sem exceção, falavam muito bem da cidade. Diziam que era muito bonita, cheia de lugares históricos e uma arquitetura gótica. Uma mistura de Europa Oriental e Ocidental e também um ótimo lugar para tomar cervejas. E após Praga o plano era seguir à Viena e Budapeste, que estão próximas. Eu esperava de Budapeste algo parecido com o que esperava de Praga, porém em uma escala menor. Já quanto à Viena, eu honestamente não tinha muita expectativa. Minha impressão é de que seria uma cidade bem aristocrática e cara.


Casa Bailarina em Praga
Aliás, falando de preços, a moeda da República Tcheca é a Coroa Tcheca. Eles não adotaram o Euro apesar de pertencer a União Europeia. E um golpe que escutamos falar é que muitas vezes ao trocar dinheiro na rua você recebe notas falsas. Como a maior parte dos turistas não conhecem as notas, acabam aceitando sem saber. O golpe era tão difundido que a polícia teve que proibir o câmbio nas ruas. Pelas dúvidas, vale à pena pagar um pouco mais caro mas trocar em uma casa de câmbio. E outro fato importante são os preços que não me pareceram baratos como eu esperava. Havia escutado falar que Praga era bem barata mas imagino que o aumento do turismo fez os preços decolarem..


Praga sendo Praga

Chegamos à Praga ainda durante a manhã e foi bem fácil ir do aeroporto ao centro da cidade. Não há trem que faz a ligação direta mas você pode pegar o ônibus 119 que te leva ao Green Light Tube e de lá pegar o trem. O transporte público da cidade usa um sistema de validação de passagem em que você insere o bilhete em uma máquina que o perfura. Mais retrô impossível! Escolhemos nos alojar no albergue Tyn, que fica no centro histórico. Apesar de o preço ser mais caro dos que ficavam mais afastados, achamos que valeria apena estar bem localizado e próximo às atrações. Duas coisas que me surpreenderam logo de início foram a quantidade de turistas e o frio que fazia próximo ao natal. Os turistas lotavam as ruas do centro histórico de maneira que era difícil até caminhar, e isso no inverno! E mesmo vindo de Copenhague, o frio nos surpreendeu. Já havíamos planejado comprar uma blusa de frio nova para a Rocio, e esperamos até ir à Praga porque os preços de Copenhague são absurdos. E essa blusa foi sua salvação! A temperatura média durante as manhãs era sempre negativa chegando à -6 ºC.


Rio Vltava que corta Praga com o Castelo ao fundo

Mas voltando à viagem, descarregamos nossas coisas no hotel, já que ainda era cedo para o check-in, e decidimos dar uma volta. Caminhamos por Staroměstské Náměstí ou Old Town Square e aproveitamos para comer algo no mercado de natal que era muito bonito, com bandas e espetáculos em inglês e em tcheco e uma árvore de natal gigante que tocava músicas de Mozart (ele morou e compôs em Praga). Vimos um lugar que vendia joelho de porco e decidimos comer lá mesmo. O problema foi que após comer descobrimos que o preço que havíamos visto não era por kg mas sim por 100 g! Ou seja, saiu dez vezes mais caro do que pensávamos. Inclusive conhecemos pessoas depois que nos disseram para evitar comer no mercado de natal por conta dos preços. Após tantas viagens na bagagem e eu achei que não cairia mais nessas, porém... Continuamos o dia caminhando bastante pelos arredores da praça indo até à ponte Charles e atravessando ao outro lado do rio Vltava.


Mercado de Natal em Praga

Durante nosso segundo dia em Praga aproveitamos para fazer um free walking tour. Começamos por Old Town Square escutando um pouco da história da cidade e sua ligação com a Boêmia enquanto víamos à Igreja de Nossa Senhora de Tyn, a Igreja de São Nicolau e o relógio. O relógio, aliás, é um espetáculo à parte. A cada virada de hora saem esculturas do apóstolos e de um esqueleto que representa a morte. Mais gótico impossível.


Catedral de São Vito


Outro ângulo da Catedral de São Vito

Continuamos o nosso roteiro até o Castelo de Praga, que é gigantesco. Na verdade o que eles chamam de Castelo é um bairro, com muitas construções. Nós havíamos pensado em ir no dia anterior mas que bom que não fomos. Com o nosso guia acabamos descobrindo que a parte mais interessante do castelo na verdade é grátis! Passamos pelo Palácio Real, pela belíssima Catedral de São Vito e pelo Castelo de Praga. O que mais gostei foi entrar na catedral de São Vito e ver seus murais. Durante a volta, passamos pela Casa de Kafka (autor de A Metamorfose) aonde ele morou ainda no bairro do castelo. Durante a volta aproveitamos para passar no Muro de Lennon que está todo grafitado com mensagens de paz e amor.


Casa de Kafka

Um detalhe interessante é que nosso guia nos contou várias histórias do atual presidente da República Tcheca, Miloš Zeman. Ao somente digitar "Czech Republic President" no Google, a primeira sugestão que aparece é drunk, bêbado em inglês. O guia nos disse para buscar vários vídeos e eu os deixo aqui com algumas pérolas. Nesse ele está bêbado caindo no dia da posse e nesse ele está com o presidente do Chile roubando a caneta que eles usam para assinar um documento. Há muitas outras pérolas para quem quiser fazer uma busca. A República Tcheca é o país com o maior consumo per capita de cerveja do mundo e não poderíamos esperar menos de seu presidente! Outra das sugestões do Google ao digitar "Czech Republic President" é "daughter". Acontece que sua filha, assim como muitas outras conterrâneas famosas, ficou conhecida por suas participações no cinema adulto!


Na zdraví!

Outros lugares que adoramos em Praga foi percorrer o Bairro Judeu e a Casa Bailarina, esse último sendo provavelmente o prédio mais moderno que já vi. Também adoramos o Museu do Comunismo, entrada 190 CZK (U$9). Praga passou muito tempo sob os cuidados de um regime comunista muito violento e muitos sinais podem ser visto no bairro judeu. Mas o museu do comunismo apresenta esse regime se enfocando não apenas em Praga mas em toda a Europa. Bem legal apesar de um pouco descuidado.

Mas bem, ainda não mencionei umas das melhores atrações de Praga que são seus bares e restaurantes. A bebida típica é a cerveja e as mais conhecidas não são pasteurizadas. Aliás, ao beber cerveja não pasteurizada eu me peguei pensando qual seria a razão para pasteurizar, visto que as não pasteurizadas são muito melhores. Os que mais gostamos foram os restaurantes Lókal, do outro lado do rio e próximo ao Castelo de Praga, o Strahov Monastery Brewery, ao lado do monastério e também próximo ao castelo e U Medvidku. Inclusive no último há algumas meses que ficam dentro de um grande tanque de cerveja. Mas essas são apenas algumas sugestões já que a quantidade de opções é inimaginável. Minha outra sugestão seria fugir da onipresente cerveja Pilsner Urquell e provar também as outras cervejas. Pilsner, aliás, é o nome de um cidade na República Tcheca. O único fato que não gostei é que se pode fumar nos restaurantes.


Durante nosso próximo dia havíamos pensado em ir a uma cidade próxima que fosse menos turística. Havíamos pensando em três: Český Krumlov, Pilsen ou Karlovy Vary porém acabamos indo ir à Karlovy Vary porque a logística ficou mais simples. Passamos o dia em Karlovy indo e voltando de ônibus e adoramos. Apesar do frio de Praga, lá não havia nevado. Já em Karlovy havia nevado por conta da maior altitude. Passeamos bastante pela cidade que é bem charmosa. Apesar de algumas atrações mais culturais disponíveis, o melhor a fazer por lá é caminhar. Provamos da água termal, que muita gente bebe e que aparentemente tem capacidades medicinais. Porém, na minha opinião, não vale a pena o gosto ruim e quente da água!


Centro de Karlovy Vary
Tradicionais canecas para beber a água termal e medicinal de Karlovy


Sopa no pão

Em Karlovy passamos pela Catedral de São Pedro e São Paulo e também pela Mill Colonade. Provamos a tradicional sopa que é feito dentro de um pão e subimos até o Observatório de Diana que fica acima do Grand Hotel Pupp. Apesar do funicular, decidimos subir e descer caminhando e foi bem tranquilo. Porém como havia um pouco de gelo acabamos escorregando algumas vezes. Acabamos não visitando o Castelo Loket, que está mais afastado e nem ido a nenhum spa, já que planejávamos a ir a algum em Budapeste.


Vista da trilha que vai ao observatório Diana

Passamos apenas um dia em Karlovy Vary e foi legal pra ver que a República Tcheca é muito mais do que Praga. Ficamos com vontade conhecer outras cidades do país, mas já era hora de seguir viagem até na Viena, na Áustria, mas isso fica para o próximo capítulo.

Praga, Karlovy, Viena e Budapeste - Parte 2 Final

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