segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Aproveitando que a Rocio e eu estávamos de mudança da Dinamarca, queríamos viajar com meus pais e minha irmã por algumas semanas antes de voltar ao Brasil. Meu pai e minha mãe ainda não tinham ido à Europa, o que nos fez pensar em um roteiro que agradasse a eles e também a nós. Queríamos fugir um pouco do mais comum. Não por achar que não vale a pena, pelo contrário. A razão era evitar passar por lugares que eu já conhecíamos e também ir a lugares mais baratos! Como a viagem seria mais longa, optamos ir a países mais em conta. Durante o planejamento, escolhemos os lugares que iríamos visitar e fizemos todas as reservas. Já que seríamos cinco, preferimos nos hospedar em airbnb para economizar e também por nos permitir cozinhar. E para se mover de um país a outro, optamos por ônibus e trem, compramos todas as passagens on-line com antecipação.

Minha mãe já estava comigo e com a Rocio em Copenhague e de lá voamos até Cracóvia na Polônia, ainda sem meu pai e minha irmã, que nos encontrariam alguns dias depois em Varsóvia. Nossa primeira impressão logo ao chegar à Polônia foi bem positiva. Os países do Leste Europeu têm fama de serem muito defasados em relação ao Oeste, mas nossos paradigmas haviam começado a mudar desde a Croácia e voltaram a se quebrar na Polônia. Pegamos o trem no aeroporto e descemos pertinho de nosso airbnb. Apesar de já ser por volta das 22h, a cidade pareceu bem segura, limpa e iluminada.

Castelo de Wawel


Durante o planejamento da viagem, debatemos se faríamos ou não o passeio ao Campo de Concentração de Auschwitz, que fica a 70 km de Cracóvia. Inicialmente eu não queria ir porque quando fui a outro campo de extermínio, Choeung Ek no Camboja, achei o clima muito pesado. Gosto do aprendizado da visita, mas não gosto do fato de um lugar que foi palco da tristeza de tanta gente seja transformado em uma espécie de parque de diversões. Acontece que mudei de opinião e decidi que queria ir no nosso último dia em Cracóvia. O problema foi que além de caro, 150 zloti (R$130), restavam poucos horários disponíveis. Ou seja, se houver interesse, é melhor contratar o passeio com antecipação, já que se pode fazer a reserva e o pagamento on-line antes de viajar.

Mas, voltando à viagem, após nossa primeira noite em Cracóvia, acordamos e fomos ao centro histórico para o free walking tour. Fizemos o passeio em espanhol e pegamos um guia argentino que havia morado aguns anos em Balneário Camboriu. Passamos por vários lugares do centro histórico durante o tour e depois voltamos sozinhos para vê-los sem pressa. Essa segunda impressão da cidade também foi muito positiva e o centro histórico de Cracóvia é um dos mais charmosos que já vi. Fomos ao Mercado Central, que é bem charmoso e perfeito pra quem quer comprar souvenir. Em seguida, fomos à Basílica de Santa Maria. Na Basílica, havia algumas placas que pediam para turistas não entrarem, visto que é um local de oração. Fizemos vista grossa para as placas, uma pseudo-oração aqui, outra ali e entramos. Na verdade, achamos o exterior mais bonito do que o interior. Do alto de uma das torres da Basílica, trompetistas tocam uma música a cada virada de hora. Aparentemente, é possível subir essa torre. Um detalhe interessante é que as duas torres são diferentes, como pode ser visto na foto abaixo, e cada uma foi construída por um irmão. Uma torre acabou ficando maior do que a outra e o ciúme fez com que um irmão matasse o outro e depois se suicidasse. Há um punhal no Mercado Central que, com um pouco de liberdade histórica, é a dita arma do crime.


Basílica de Santa Maria

Passamos também pelo Portão de St. Florian, uma das entradas da muralha que rodeia parte do casco histórico, e também pelo forte medieval Barbikan, que está intacto. Seguimos depois para o Castelo Wawel, mas sem entrar. Hoje, o castelo funciona como museu e não mais como residência de governantes. O exterior é muito bonito e interessante, devido aos mais variados estilos arquitetônicos. A razão é que as construções foram feitas em épocas diferentes e contam com um pouco de renascentista, barroco, gótico e por aí vai... Meio que um pot-pourri arquitetônico. Conferimos o jardim, o pátio central e a igreja, que também se chama Catedral de Wawel.


Estátua de João Paulo II em Cracóvia

Algo que eu não havia mencionado é a ligação entre a Cracóvia e o papa João Paulo II. Antes de ser papa, ele se mudou à cidade para tentar ser ator no teatro municipal. Mas, como a vida é feita de surpresas, ao invés de ator, ele acabou se transformando em um dos papas mais populares da história. Retratos de João Paulo II são encontrados em todos os lugares e por lá ele é chamado, simplesmente, de O Papa.



Da Vinci em Cracóvia

Para almoçar, fomos a um restaurante um pouco afastado do lado turístico da cidade para provar a comida local. Tivemos uma surpresa positiva com o goulash e uma não tão positiva com o pierogi, que é uma espécie de dumpling versão polonesa. O goulash pode ser encontrado em muitas partes do Leste da Europa e cada país diz que o seu é o original. Durante a tarde fomos ao Museu Narodowe. O dia havia sido movimentado e ao chegar, o museu fecharia em mais ou menos uma hora. A entrada estava barata, 10 Zloti (R$9) e decidimos entrar. O carro chefe do museu é uma pintura de Da Vinci chamada "Lady with an armine" ou Dama com um Arminho. Além das pinturas, há muitos móveis e objetos de época, que não achei tão interessantes. 



Fábrica de Schindler


Escritório de Schindler

No segundo dia, passeamos pelos bairros judeus de Kazimierz e Podgórze, passando por várias sinagogas e guetos. O passeio foi bem legal e também no esquema free walking tour. Inclusive até o guia era o mesmo do dia anterior. A explicação nos ajudou a ter uma perspectiva do dia-a-dia dos judeus nessa época triste da história polonesa.Terminamos a caminhada no gueto onde parte da comunidade judia da Polônia viveu durante três anos antes de ser exterminada em um episódio conhecido como liquidação final. Após o passeio, fomos à antiga Fábrica de Schindler. Onde era a fábrica hoje funciona um museu que conta a história da ocupação nazista de Cracóvia. Custa 21 Zloti (R$19) e é bem interessante. Complementou as explicações que recebemos durante a manhã com muitas fotos e vídeos. Há inclusive entrevistas muito interessantes de judeus que foram salvos por Schindler ao serem contratados para trabalhar na fábrica. Da fábrica original resta pouco, apenas o escritório de Schindler e alguns outros lugares. Terminamos o dia caminhando de volta ao hotel pelas margens do Rio Vístula e assim nos despedimos de Cracóvia.


No dia seguinte fomos à estação de trem e seguimos à capital da Polônia, Varsóvia. A viagem de trem durou 3 horas e custou R$40 por pessoa. Comprei diretamente do site da estatal de trens da Polônia. A viagem foi tranquila e a paisagem sempre muito verde. Já ao chegar à Varsóvia, a impressão foi estar em uma metrópole com avenidas gigantes e muitos arranha-céus, totalmente diferente de Cracóvia e seu charme de cidade pequena. Para quem adora cidades pequenas, devo dizer que essa primeira impressão não foi tão boa! 


Família reunida em Varsóvia
Degustador profissional de sidras

Fizemos check-in no airbnb e fomos almoçar em um restaurante sugerido pelo dono do apartamento, chamado Czerwonym Wieprzem ou Porco Vermelho. A decoração e os pratos remetiam ao período comunista. A comida foi muito boa! Após o almoço, voltamos ao airbnb já que minha irmã e meu pai deveriam chegar e nos encontrar por lá. Pensei que eles chegariam cansados e com sono e já estava até pensando no argumento para convencê-los a sair. Mas, que nada! Eles tinham mais vontade de sair do que nós! Começamos o passeio por Varsóvia passando pela Cidade Velha e, que para minha surpresa, é totalmente diferente da minha primeira impressão de metrópole. Havia muitas praças e igrejas, bastante gente caminhando pelas ruas históricas e aproveitando o verão. Tinha, inclusive, uma marca de sidra distribuindo a bebida grátis para as pessoas. Brasileiros que somos, já pegamos umas três ou quatro cada um e as tomamos colocando o papo em dia, sentados ao lado da Estátua de Copérnico.


Varsóvia com a coluna de Sigismund à esquerda

Nesse primeiro dia, caminhamos meio que sem rumo, levados pela cidade e curtindo as atrações da Cidade Velha, que é como se chama o bairro histórico de Varsóvia. O bairro inclusive foi meticulosamente reconstruído após ser destruído na segunda guerra mundial. Os pontos altos, na minha opinião, foram o Barbican, que é uma fortificação medieval, e a Praça do Mercado, com estátuas e música ao vivo. Resumindo: saímos sem rumo e caminhamos bastante!


O casal 20 que ama Varsóvia
Minha irmã com o Barbican ao fundo

O dia seguinte seria nosso último em Varsóvia e também na Polônia. Por isso, decidimos aproveitá-lo bem. Começamos no Museu do Levante de Varsóvia. Logo ao chegar, vimos uma fila imensa e descobrimos que aos domingos a entrada é grátis. Valeu a pena o desconto, mas a quantidade de gente era absurda! O museu conta a história do levante, que foi uma insurreição que tentou vencer a ocupação nazista durante a segunda guerra. Os poloneses fizeram um acordo com os russos que iriam ajudá-los, mas, infelizmente, os russos não apareceram. Gastamos umas três horas no museu e saímos mortos de fome. Aproveitamos para almoçar no mesmo restaurante do dia anterior, já que gostamos da comida e meu pai e minha irmã queriam conhecer.


Família reunida no Czerwonym Wieprzem

Após o museu, fomos ao Rio Vístula, o mesmo de Cracóvia, que tinha uma espécie de praia e parque. Descansamos um pouco nas espreguiçadeiras e depois voltamos à Cidade Velha para terminar nosso dia e nos despedir da cidade. No dia seguinte iniciaríamos nossa viagem pelos países Bálticos, começando pela Lituânia.

Bálticos - Vilnius, Riga e Tallinn

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