sábado, 9 de setembro de 2017

Continuando nossa epopeia que havia se iniciado ainda na Dinamarca, passando pela Polônia e pelos três países Bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia), seguimos viagem com destino à Rússia. O nosso plano era viajar de ônibus desde Tallinn (na Estônia) até São Petersburgo, a antiga capital Russa e cidade natal do atual presidente, Vladimir Putin. Algo bem interessante para nós brasileiros é que já faz algum tempo que não necessitamos visto para entrar na Rússia, basta levar o passaporte. Já os vizinhos europeus e muitos outros necessitam visto, pois a Rússia aplica a regra da reciprocidade. A distância entre Tallinn e São Petersburgo é de 370 km, mas o tempo na fronteira é uma caixinha de surpresas. Por conta disso, decidimos sair cedo de Tallinn e não fazer nenhum plano para São Petersburgo nesse dia. Caso sobrassem algumas horas, nós aproveitaríamos para caminhar pela cidade.


Família reunida em São Petersburgo

Pegamos ônibus com a mesma empresa, Lux Express, e já na fronteira vimos uma clara diferença entre Estônia (União Europeia) e Rússia. O lado da Estônia tinha lindos guichês, enquanto o russo era cheio de arame farpado e cabines minúsculas onde não entravam todos os passageiros. Ao menos era verão e a temperatura de agradáveis 13°C. Imagine no inverno! Sem contar a burocracia! Para sair da Estônia apresentamos o passaporte uma vez, enquanto que para entrar na Rússia o fizemos três vez. Após achar que tudo já tinha acabado, o ônibus foi parado mais uma vez para outra apresentação de passaporte. No final das contas, a viagem demorou sete horas, no total. Até que não achei tanto, pois apesar do voo entre Tallinn e São Petersburgo ser mais rápido, somando as horas para ir e voltar ao aeroporto, esperar (e tudo mais), acabaria dando elas por elas. A vantagem de ônibus e trem é que as estações são mais centrais. Há também barcos que fazem o percurso Helsinque - São Petersburgo pra quem estiver na Finlândia. Esse cruzeiro, inclusive, elimina a necessidade de visto para europeus, por períodos curtos.


Igreja do Salvador sobre o Sangue Derramado


Interior da Igreja do Salvador sobre o Sangue Derramado

De qualquer maneira, fronteiras nunca são lugares agradáveis e logo ao chegar a São Petersburgo a primeira impressão foi muito positiva. Ainda não tínhamos rublos, a moeda local, e decidimos caminhar um pouco, da rodoviária em direção ao hotel, até encontrarmos um caixa automático para sacar dinheiro. Durante esse caminho, já tivemos um aperitivo da cidade: todas as construções são gigantescas. A cidade mantém a arquitetura do período soviético, que combinada com os letreiros em cirílico, te faz viajar no tempo. Os edifícios seguem um mesmo estilo arquitetônico, como muitas outras metrópoles europeias, mas com um estilo que te remete a URSS. E pelo mais estranho que pareça, havia menos turistas estrangeiros por lá do que nos bálticos. A principal razão é o que já comentei à respeito da necessidade de visto para muitas nacionalidades. Não à toa, vimos mais turistas brasileiros e argentinos do que europeus. Outro ponto importante é que uma pequena parte da população fala inglês, o que combinado com o alfabeto cirílico, torna a viagem mais difícil ou mais interessante, depende do seu ponto de vista!



Catedral de Nossa Senhora de Kazan

Voltando a São Petersburgo. A cidade pareceu impressionante com suas construções, pontes e canais. Eu havia mencionada a impressionante herança do período comunista, mas a cidade também carrega símbolo da época dos czares, quando São Petersburgo foi a capital russa. Nos hospedamos no hotel Station M19 e o preço foi bem camarada. Pegamos um quarto para casal e outro para três pessoas, sendo que as diárias com café da manhã custaram $70/pessoa. O hotel era simples, mas estava bem localizado, ou seja, daria pra encontrar algo ainda mais barato. Acabamos concluindo que como o rublo está desvalorizado, a Rússia está mais barata do que os bálticos!


Como ainda nos sobravam algumas horas, mal chegamos ao hotel e já saímos a caminhar. Começamos pela avenida Nevsky Prospekt, que concentra grande parte das atrações da cidade e é imperdível. Vimos a Catedral de Nossa Senhora de Kazan, Edifício Singer (que foi a sede da empresa Singer de máquinas de costura e hoje tem uma livraria bem legal)Teatro Alexandrisky e muito mais. Sugiro percorrer a Nevsky Prospekt tanto durante a noite quanto durante o dia, pois a iluminação e o movimento mudam completamente. Enquanto durante o dia a avenida está cheia de gente indo ou voltando do trabalho, quando a noite começa há mais movimento nos bares, jovens passeando de bicicleta ou skate e até bandas ao vivo tocando pelas ruas.


Edifício Singer


Sede da Marinha Russa

Outros lugares que adoramos em São Petersburgo foram:


Igreja do Salvador Sobre o Sangue Derramado (Church of the Savior on Spilled Blood) - O curioso nome da igreja vem do fato de que o Czar Alexandre II foi assassinado lá. Há na igreja inclusive um memorial que marca o exato local em que a bomba que levou a sua vida explodiu. Linda por dentro e por fora a igreja é recheada com impressionantes mosaicos e muito ouro. A entrada custa 250 Rublos (R$14) e audioguias em português custam 200 (R$11). Sem dúvidas a igreja ortodoxa mais impressionante que já vi.


Catedral de São Isaac - O seu interior é um pouco mais simples do que a anterior, mas apesar de não ter os murais, conta com pinturas impressionantes, principalmente, no teto. Você pode subir a torre ou entrar na igreja, chamada museu. O preço é o mesmo, 250 Rublos (R$14).


Passeio de barco pelo Rio Neva - O passeio dura mais ou menos 1h30 e várias empresas fazem o trajeto. Apesar do verão, passamos um pouco de frio e eles nos entregaram cobertores. O passeio te faz entender porque São Petersburgo é chamada de Veneza da Rússia. O trajeto passa por locais imperdíveis que ficam um pouco mais afastados, como a Catedral de São Pedro e São Paulo, e também te dá vistas incríveis de lugares mais centrais. O único porém é que só achamos passeios com áudio em russo, mas acho que procurando um pouco mais dê pra encontrar em outros idiomas. Valeu pelas vistas.



Passando frio no Rio Neva

Hermitage - Deixamos para ir ao Hermitage em um segunda-feira e quase chorei quando descobri que o museu não abre nesse dia e era o nosso último por lá. Vá e me conte como foi (rs.)! Ao menos deu pra ver sua impressionante arquitetura desde a Praça do Palácio com a Coluna de Alexandre. O Hermitage aparece em todas as listas de o que fazer em São Petersburgo como a principal atração. Trata-se, na verdade, de um complexo gigantesco de vários edifícios, como por exemplo o Palácio de Inverno, abrigando uma coleção gigantesca (dizem os russos que rivaliza com o Louvre, na França) com muitas obras de artistas europeus famosos.



Hermitage atrás da Coluna de Alexandre

Museu da Rússia (Russian Museum) - Para compensar que não fomos ao Hermitage, encaixamos outro museu. A entrada custou 450 rublos para adultos e 200 para estudantes. Apesar de ser muito menor do que o Hermitage eu gostei porque é bem focado em pintores russos, que eu não conhecia, e havia bastante coisa impressionante.



Fachada do Museu da Rússia

Palácio Peterhof - Acabamos não indo porque ao contrário da maioria das atrações que estão bem próximas, o lugar está afastado, a 30 km do centro da cidade. Pra ir em transporte público é necessário combinar metrô e ônibus ou fechar um tour com alguma agência. O complexo é bem grande, contando com vários jardins recheados de estátuas e também palácios. Dá pra passar o dia por lá.

Adorei São Petersburgo! Gostaria de ter passado mais tempo para conhecer outros lugares da cidade. Fiquei fascinado com a arquitetura da cidade, que me pareceu conservar bem a época comunista e também como ela muda do dia pra noite. Mas, após esses poucos dias por lá, era hora de seguir à nosso próximo destino: Moscou! Poka-poka!

Rússia - Parte 2 - Moscou

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