segunda-feira, 26 de novembro de 2018


Após dias de tanto reencontro por Toronto, seguimos à Montréal de trem. A viagem partindo de Toronto, que está na província de Ontario, e indo à Montréal, que está na província de Quebec, me mostrou um Canadá bem rural, diferente daquela loucura da metrópole Toronto. E o legal é que cada vez que nos aproximávamos de Montréal a temperatura baixava e a quantidade de neve aumentava. Chegamos lá às 17:30 e fazia muuuuito frio. E isso não é nem figura de linguagem. A temperatura estava em torno de -15CC e a sensação térmica abaixo dos -20°C! E isso porque ainda estávamos no outono em novembro. Nos enrolamos ao sair da estação de trem e como eu não tinha pesquisado bem, pensamos em caminhar até o Airbnb. Demoramos a constatar o óbvio: não dá pra caminhar quarenta menos com esse frio e carregando malas no meio da neve. Na verdade havia metrô na estação mas isso só descobrimos depois. Acabamos pegando um táxi, o único da viagem.

Mirante no alto do Monte Royal, que dá o nome 

Chegamos ao Airbnb e a dona não estava para fazer o check-in. Ela usa um sistema que é bem comum por lá em que a pessoa coloca um espécie de cadeado com uma caixinha próximo ao imóvel e te passa a senha. O problema é que nesse frio todo as teclas da caixinha que eram mecânica não funcionavam! Por sorte eu tinha a senha do wifi e consegui ligar pra anfitriã nos entregar outra chave! Ufa! Estávamos tão cansados que essa noite apenas comemos um lamen próximos e dormimos cedo. De qualquer maneira, a pequena caminhada que fizemos foi suficiente para comprovar o que eu havia lido da cidade. A quantidade de restaurantes é absurdamente grande. É para pensar até que ninguém come em casa.

Babando pelos doces

No dia seguinte saímos a explorar a cidade, e que cidade! Se Toronto parece uma metrópole norte americana, Montréal parece uma cidade europeia. Todo mundo falando francês, muitas ruas de pedra e até bastante gente pelas ruas apesar do frio intenso. Como dizem na Dinamarca, não há clima ruim, apenas pessoas não bem vestidas. Começamos o dia caminhando até a Basílica de Notre Dame. Acostumado a pagar para entrar nas igrejas europeias, eu me surpreendi que Notre Dame era grátis. Do lado de fora eu não me surpreendi, assim como com a Notre Dame de Paris, mas pelo lado de dentro essa é uma das igrejas mais lindas que já vi. A iluminação é usada de uma maneira incrível para realçar os vitrais e outros detalhes. Imperdível. Durante algumas tardes você pode escutar o músico tocando o órgão da basílica, que é gigantesco. De lá seguimos a parte de Vieux Port (Porto Velho) passando no caminho pelo Palais de Justice, Hôtel de Ville e Place Jacques Cartier em Old Montréal. Chegando ao Vieux Port aproveitamos para caminhar bastante. Há uma roda gigante que estava parada, não sei se era por ser inverno ou por ser de manhã, e também uma pista de patinação. Caminhamos até a Torre do Relógio e aproveitamos para ler as placas com informação do porto de Montréal no caminho e tirar muitas fotos. O frio da cidade já havia me surpreendido, afinal de contas -20°C no outono não me pareceu normal. Porém lendo as tais placas eu me surpreendi que o porto não costumava ficar aberto o ano inteiro porque no inverno a navegação era perigosa por conta dos enormes icebergs que chegavam ao porto. Várias obras foram feitas para modernizar o porto e resolver esse problema.

Basílica de Notre Dame
Pela Velha Montréal

Após essa caminhada fomos ao Marché Bonsecours comer. Pensei que seria um mercado grande com várias opções de comes e bebes porém na verdade haviam muitas lojinhas vendendo produtos típicos do local e poucos lugares para comer. Acabamos mudando de ideia e resolvemos seguir até Chinatown e comer por lá. Lamén outra vez mais! Caminhamos um pouco por Chinatown e o que adoro quando visito bairros étnicos em países onde atualmente há muita imigração é que esses bairros representam não só o passado quanto também o presente. Me explico: se você visita o bairro da Liberdade em São Paulo, verá retratos de uma imigração que aconteceu no começo do século XX. Há muitos descendentes de japoneses por lá porém você não escutará muita gente falando japonês, por exemplo, pois os descendentes hoje já estão completamos assimilados a nossa cultura. Já em Chinatown em Montréal, a língua mais falada é de longe o chinês. Menus em chinês, placas em chinês, e por aí vai.

Marché Bonsecours

Como o sol já estava quase se pondo e o frio nos esgotou mais rápido do que pensamos, decidimos ir a um museu e escolhemos o Museu de Belas Artes de Montréal. O museu nos surpreendeu pelo tamanho, e na verdade merecia um dia inteiro, não apenas um final de tarde. Como não tínhamos esse tempo escolhemos as coleções que mais nos interessavam. Começamos pela coleção de arte Inuit no andar superior e de lá fomos descendo passando pela arte de artistas do Québec, seguido por um pouco de arte moderna, encerrando nosso dia por lá.

St. Joseph's Oratorium

O próximo dia seria nosso último dia completo por Montréal e decidimos começar por St. Joseph's Oratory, que é uma basílica muito bonita construída em homenagem a um padre da cidade que foi canonizado. O lugar é bem bonito mas eu honestamente preferi o exterior ao interior. De lá seguimos ao Parque Monte Royal, que se você pronuncia bem rápido descobrirá que foi o Monte que deu origem ao nome da cidade. Caminhamos pra caramba desde à basílica até o parque, passando pelo cemitério e chegando até ao Mirante do Parque, que dá uma vista bem bonita da cidade. O que mais me chamou a atenção é que o parque é cheio de trilhas para quem quer fazer esqui de fundo (cross-country). Inclusive havia muita gente esquiando não só lá como na própria cidade, e isso porque o inverno ainda não havia chegado... Ao lado do Mirante há uma espécie de refúgio com um café e internet. Imaginei como isso seria perfeito após um dia inteiro de esqui!

Trilhas de esqui no principal parque da cidade

Nos enrolamos um pouco para sair do parque visto que grande parte das trilhas estavam completamente cobertas por neve e caminhamos até ao Schwartz's Deli. Já havia lido à respeito do lugar que é praticamente uma instituição de Montréal, como me disse um amigo que morou por lá. Esse restaurante judeu foi fundado no começo do século XX e está sempre cheio. O prato principal é simples:  sanduíche com carne defumada, mostarda e três fatias de pão, como se fosse um triângulo, servido com refrigerante de cereja e picles. Para acompanhar pedimos o prato mais conhecido da culinária do Quebec, o Poutine que nada mais é do que batata frita com queijo e um molho marrom. Uma explosão de calorias e perfeito para um dia frio! Pra quem não faz questão de comer em mesas, você pode pedi-las em uma porta lateral e comer no balcão. O dia já estava acabando e decidimos ir ao Parque Olímpico de Montréal apenas para conhecer. Apesar do lugar ser interessante, com muitas informações dos jogos olímpicos que aconteceram lá e também dos eventos que acontecem atualmente, foi bem mais ou menos por não ter muito a se fazer além de olhar. Acho que a própria prefeitura se deu conta visto que eles estão construindo algumas coisas por lá, como um planetário e restaurantes.

Provando o sanduíche de carne defumada e o poutine
Parque olímpico de Montréal

Adorei Montréal, que apesar dos poucos dias já é uma de minhas cidades favoritas. A atmosfera é bem legal e apesar do inverno bem rigoroso, a infraestrutura da cidade ajuda e dá pra fazer bastante coisa. O metrô cobre grande parte da cidade e quantidade de opções de lazer é absurda. Espero voltar e explorar um pouco mais não apenas Montréal como toda a província de Quebec.

Canadá e NY - Parte 3 - Nova Iorque

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