quinta-feira, 3 de junho de 2010

Decidi aproveitar que estava morando em Manaus e esticar um "pouquinho" mais ao norte e conhecer a Venezuela. A idéia era ver os tepuís no sul do país e depois pegar uma praia em alguma ilha ao norte. Meu plano inicial era seguir de ônibus de Manaus até Boa Vista, aonde encontraria meu amigo Leonardo. Mas após conversar com outro amigo que tinha feito um roteiro parecido, mas ido à Guiana, acabei convencido a voar até Boa Vista. Cheguei à noite ao aeroporto e me encontrei com meu amigo que havia chegado antes vindo desde São Paulo. A idéia era passar somente à manhã do dia seguinte em Boa Vista e procurar um transporte para seguir até Santa Elena de Uiarén, já na Venezuela.

Nesse pouquíssimo tempo que passei em Boa Vista tive oportunidade de conhecer bastante algumas pessoas e vi que praticamente todos os habitantes vinham de outros estados do Brasil. E inclusive as ligações que eles tem com a Venezuela e a Guiana são quase tão grandes quanto às que tem com Manaus. Passamos pelo palácio do governo, pelo rio Branco e pelo centro da cidade. Após conversar com algumas pessoas descobrimos que a melhor maneira de cruzar a fronteira era em um táxi coletivo, conhecido por lá como "pirata" que saiu R$35 depois de barganhar um pouco. Descobrimos também que as cidades da fronteira com a Venezuela tem duas atividades principais: trazer ilegalmente ao Brasil (ou a Colômbia) combustível ilegal e vender dólares no mercado negro venezuelano aonde eles pagam muitas vezes mais do que o valor oficial da moeda, em uma tentativa de fugir da inflação absurda que existe.



Cachoeira em Gran Sabana
Chegada à Venezuela
A viagem à bordo do "pirata" foi bem legal porque deu pra ver uma Amazônia que eu não conhecia. Já vivia em Manaus fazia um ano e tinha feitos alguns programas pela floresta mas a impressão que tive é que Roraima é muito menos explorada. Inclusive vimos algumas fotos de pescarias com uns peixes meio que inacreditáveis. Após 3 horas de viagem chegamos à Santa Elena de Uiarén sem nenhum problema nem atraso na fronteira. Acabamos nos hospedamos em um lugar chamado Backpackers Tours Lodge por conta do restaurante que ficava no piso térreo aonde acabamos tomando umas cervejas Polar pra refrescar. Assim que chegamos já saímos à trocar os dólares que havíamos sacado na agência do Banco do Brasil de Boa Vista para aproveitar o mercado negro. E outra vantagem que não sabíamos é que o sistema bancário venezuelano é bem complicado. Poucos caixas eletrônicos permitem sacar dinheiro de uma conta internacional. Em Santa Elena não encontramos nenhum em funcionamento. Além disso o limite era bem restrito: U$30/dia.

Após trocar dinheiro saímos para verificar às expedições para subir o Monte Roraima em uma agência chamada Mystic Tours mas tivemos uma surpresa. Era baixa temporada e teríamos que esperar mais ou menos 5 dias para fazer a viagem com o próximo grupo. E isso se não chovesse... Era obrigatório ter um guia e não há muitas saídas na baixa temporada. Pois é, não há muito turismo na Venezuela! A única opção que nos sobrava era buscar outro passeio.

No dia seguinte alugamos bicicletas na agência Backpacker Tours que recomendo bastante pelo carisma e profissionalismo do dono alemão, e saímos a pedalar. Acabamos pedalando pela Gran Sabana, passando por algumas cachoeiras e passando por uma vila indígena e almoçamos por lá. Pedimos frango que apesar de não ter boa cara estava gostoso.


De bicicleta pela Gran Sabana
Leonardo na hora do rango
Voltamos à Santa Elena após toda a manhã e grande parte da tarde pedalando e abandonamos o plano de seguir ao Monte Roraima ao subir em um ônibus com destino à Ciudad Bolivar. Havíamos fechado um pacote com a própria agência Backpackers Tours que nos fez um desconto e o passeio saiu por U$230 com tudo incluído e nos quebrou um galho.Como havia mencionado é difícil sacar dinheiro na Venezuela mas pagamos pelo pacote fazendo uma transferência para a conta brasileira do dono. O novo plano era conhecer Salto Angel, a cachoeira com a maior queda d'água do mundo. Dica pra quem for tomar um ônibus na Venezuela (e em muitos outros lugares da América do Sul) é levar roupa de frio. Eles ligam o ar condicionado no máximo e não adianta reclamar. Chegamos à rodoviária de Ciudad Bolivar e tomamos um táxi em direção ao aeroporto. Não havia mencionado mas o combustível na Venezuela é subsidiado e o mais barato do mundo. Pode até parecer legal mas na prática é um desastre pois os carros são muito velhos e poluidores. Muitos V6 e até alguns V8. Sem contar que alguém paga a conta dos subsídios... Chegamos ao aeroporto e encontramos os outros turistas que embarcariam no aviãozinho com a gente: um grupo de 5 espanhóis e um finlandês, além do meu amigo e eu. A viagem até Canaima demorou mais ou menos 1 hora e pra mim que nunca havia voado em um avião tão pequeno deu um frio no estômago. O legal foi a vista passando por vários tepuís e rios.

Avião rumo à Canaima
Canaima
Chegamos à Canaima e caminhamos até a pousada. Acabamos dividindo quarto com o finlandês, que era bem gente boa. Nos mesmo dia durante à tarde nos juntamos com outro grupo de turistas e fomos até Salto del Sapo, que é um conjunto de cinco cachoeiras impressionante. Passamos de barco pelo lago e depois caminhamos por trás da queda d'água e aproveitamos para entrar na água. Saltamos das pedras, tiramos muitas fotos e nadamos bastante durante toda à tarde. À noite fomos ao bar local onde aproveitamos pra tomar algumas cervejas e jantar.

No dia seguinte começamos à viagem destino Salto Angel em que todo o grupo subiu em 2 lanchas. Era à época de seca e em alguns pontos tivemos que empurrar a lancha. Em um ponto da travessia o piloto cometeu um erro e acabou virando a lancha que estava ao lado da nossa! E essa era justamente a lancha em que estavam os turistas mais velhos! E o pior era que não tínhamos como ajudar porque a nossa lancha também estava quase virando! Suas malas molharam mas por sorte não perderam nada, só o susto. O percurso até o acampamento foi bem legal passando pelo Canyon do Diabo e muitos tepuís. Chegamos ao acampamento e já estava escurecendo. O acampamento ficava próximo ao Salto Angel, mas do outro lado do rio, e aproveitamos pra tirar umas fotos. O lugar era bem simples e dormimos em redes após jantar frango com arroz. Ponto importante é que todas as redes tinham mosqueteiros!


Chegada à Canaima
Estátua de Simon Bolivar
Trilha à Salto Angel
Acampamento em Salto Angel
No dia seguinte acordamos cedo e fizemos a trilha em direção à Salto Angel. A cachoeira é batizada em homenagem ao aviador estadunidense Jimmy Angel que foi o primeiro a sobrevoá-la. O lugar era bem lindo e muito tropical. A trilha desde o acampamento foi bem curtinha após cruzar o rio nas lanchas. Chegamos à cachoeira e a impressão que tive é que o lugar era um pouco surreal. A altura da queda d'água é tão incrível que parte da água é levada pelo vento, afinal de contas são 979m ! O dia não estava tão lindo com um pouco de chuva e vento mas mesmo assim nos deslumbramos com o visual.

Salto Angel
Santo Angel com o grupo


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