segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Decidi aproveitar duas semanas e meia de férias para viajar por Guatemala e Honduras. A idéia era explorar a Guatemala com um amigo iraniano, chamado Mohammad, e depois ir à Honduras, já sem meu amigo, fazer um curso de mergulho. É curioso, mas Guatemala nunca esteve no meu radar. Acabei indo convencido pelas fotos que me mostrava Mohammad. Pra ele ficava muito mais fácil já que esse é um dos poucos países de nosso continente aonde iranianos não necessitam visto.

Voamos desde Buenos Aires à Cidade de Guatemala com escala em Cidade do Panamá. Mas ao chegar ao Panamá não queriam deixá-lo fazer escala sem visto. Aparentemente houve uma mudança na regulamentação já que antes era sim obrigatório, mas não mais. Mohammad mostrou para o policial a resolução online mas ele decidiu não confiar. Pelas dúvidas confiscou seu passaporte e disse que só o entregaria no avião com destino à Cidade de Guatemala. E quando descobriu que estávamos viajando juntos, decidiu confiscar o meu também! Sem muito o que fazer decidimos sacar dólares no caixa eletrônico pra depois seguir à casa de câmbio comprar Quetzal, a moeda da Guatemala. Tentei sacar duas vezes e em ambas o caixa eletrônico me disse para retirar o dinheiro. O único problema é que o dinheiro nunca apareceu. Alguns minutos depois recebi uma mensagem de celular do meu banco informando que havia feito dois saques! Não havia começado a viagem com o pé direito.


Algumas horas depois subimos no avião e recebemos nossos passaportes de volta. Chegamos à Cidade de Guatemala sem mais aventuras. Havíamos aceitado a sugestão do nosso albergue que ofereceu um táxi que nos esperaria no aeroporto, pelo mesmo preço do táxi normal. Nos hospedamos em um albergue bem legal, chamado La Coperacha. Como já era um pouco tarde apenas procuramos um lugar para jantar. Não queríamos marcar bobeira na rua durante à noite, visto que a cidade não é conhecida pela extrema segurança.



Catedral de Cidade de Guatemala
Albergue La Coperacha

No dia seguinte acordamos cedo e decidimos explorar o centro histórico de Cidade de Guatemala, já que teríamos apenas um dia por lá. O albergue era bem legal, como eu havia mencionado, e tinha o café da manhã incluído que era perfeito pra qualquer mochileiro: feijão, banana e suco de laranja! Pura energia! E tudo isso por U$7 por noite por pessoa. A cidade é dividida em 16 bairros (ou zonas, como se diz por lá). As interessantes são a 1 e a 2, aonde estão os edifícios históricos da cidade. Caminhamos 15 minutos até a Plaza de la Constituición, aonde estão alguns dos monumentos mais conhecidos da cidade, como o Palácio Nacional e a Catedral.

Como já é de se imaginar, não haviam muitos turistas por esses lados. Não verdade não havia nenhum. Enquanto estávamos tirando umas fotos se aproximou um senhor que se apresentou e disse que era professor de inglês em uma escola da cidade e se ofereceu para nos levar pelos cartões postais e falar um pouco sobre eles. Aceitamos e seguimos juntos por outros lugares bem legais como o mercado central e o Cerrito del Carmen, aonde está uma igreja fundada em 1620, e com uma vista bem legal da cidade. Após mais de uma hora e meia de caminhada e conversa nos despedimos e oferecemos pagar o seu almoço e uma gorjeta. Ele aceitou e agradeceu, dizendo que usaria o dinheiro para ajudar sua família. Com a sensação de haver cumprido a boa ação do dia, decidimos caminhar um pouco mais até um mapa em alto relevo do país, que não está longe de onde estávamos. A entrada custou 25 quetzal, mais ou menos U$3. O mapa era bem legal, e fiquei bastante tempo pensando em como construíram aquilo. Todo o mapa de Guatemala com seu relevo incluindo lagos e montanhas.



Mapa em alto-relevo da Guatemala
Vista da Plaza de la Constituición

No dia seguinte fomos em uma van conhecer Antigua que está a mais ou menos 40km de Cidade de Guatemala. Apesar da distância parecer pouca o trânsito faz com que a viagem demore no mínimo uma hora. Antigua é uma parada obrigatória para todos que vão à Guatemala. A história da cidade é bem interessante - ela já foi a capital da Guatemala - mas o governo decidiu fazer a mudança já que Antigua foi várias vezes destruída por muitas catástrofes diferentes, incluindo: erupções vulcânicas, terremotos e enchentes. Após cada catástrofe a cidade era reconstruída a alguns quilômetros de distância ou, quando possível, reformada. Você pode inclusive visitar as ruínas das cidades velhas, que estão em péssimo estado. Por conta disso Antigua tem um ar colonial que fica ainda mais legal com a vista do vulcão que está bem próximo à cidade, chamado Volcán de Agua. O vulcão segue ativo apesar de não dar sinal de vida há mais de 60 anos.


Ao contrário de Cidade de Guatemala, há muitas coisas legais para fazer em Antigua e a cidade estava cheia, visto que era um feriado, e o pessoal da capital aproveitava pra passear por lá. Fizemos o check in em um albergue chamado Holistico (hoje chamado Mananas) que também pareceu bem legal, com uma grande área comum para socializar. Caminhamos bastante pelo centro histórico. Os lugares mais interessantes foram a Igreja La Merced, os mercados populares com produtos locais próximos ao Arco de Santa Catarina e visitamos as ruínas do Convento Santa Clara. A entrada custou 40 quetzal, mais ou menos U$5. No final do dia subimos o Cerro de la Cruz, que te dá a melhor vista da cidade.


No dia seguinte fomos ao vulcão Pacaya em um tour que contratamos. A viagem de carro até a base leva uma hora e meia e depois mais uma hora e meia de subida. O que não gostei é que você não chega ao cume, já que o vulcão segue ativo e havia alerta. Consulte antes de ir. Minha sugestão é ponderar bem antes de fazer o passeio caso não possa subir até o cume. Na Nicarágua, por exemplo, existem subidas mais interessantes com chegada ao cume e observação da cratera. Na parte mais alta comemos marshmallow que esquentávamos em umas pequenas crateras por onde sai vapor a altíssima temperatura. Não demos muita sorte e choveu todo o passeio.

Os dias por Antigua foram bem tranquilos com alguns passeios durante o dia e se divertindo com o pessoal do albergue durante à noite. Acabamos conhecendo bastante gente legal com quem cruzamos algumas vezes mais durante a viagem.


Antigua com o Volcán de Agua ao fundo
Subida ao Vulcão Pacaya
Lava Store no Vulcão Pacaya
Casa tradicional em Antigua



No dia seguinte fizemos uma viagem de um dia pelo lago Atitlán. Saímos bem cedinho em uma van junto com algumas pessoas mais e seguimos ao lago. Pra quem nunca escutou, o lago ficou conhecido após Aldous Huxley (o autor de Admirável Mundo Novo) o haver mencionado em um de seus livros. O lago é muito bonito com três vulcões em suas margens. Além de um passeio de barco pelo lago passamos por várias comunidades aonde a população descende dos maias. Paramos para comer na cidade de Panajachel e lá tivemos um dos momentos mais legais da viagem.


Justo nesse dia estava acontecendo uma cerimônia religiosa em que se celebra Maximón. Sua imagem é facilmente reconhecível já que ele tem um chapéu bem grande e está fumando um cigarro. A cerimônia acontece sempre em uma casa diferente, aonde se consomem incríveis quantidades de álcool e comida. Fiquei bem intrigado com a figura de Maximón e como não deu pra confiar no que me disseram os locais na cerimônia, decidi fazer uma pesquisa à respeito. O que concluí é que ele é baseado não só na fé católica mas também na maia. Os católicos mais puristas dizem que ele é o demônio, mas o povo local o tratava como santo. Infelizmente apenas tirei foto do lado de fora da casa pois todos na cerimônia estavam em uma espécie de transe e fiquei preocupado com o que achariam de um turista tirando foto. Quando saímos do lado de dentro da casa fui convidado pela família pra comer um prato de galinhada.



Arco de Santa Catarina em Antigua
Às margens do lago Atitlán

Após a cerimônia caminhamos um pouco mais pela cidade e logo voltamos à Antigua. A idéia era desde lá seguir à Flores. Mas como não encontrei transporte direto com disponibilidade, tivemos que voltar à Cidade de Guatemala para seguir em um ônibus noturno. Mas isso segue no próximo capítulo.



Outra foto do lago Atitán
Cerimônia de Maximón em Panajachel

Guatemala e Honduras - Parte 2 - Flores, Tikal e o ataque do macaco em Semuc Champey

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