Típico barco do litoral do Camboja |
De boa na praia |
Não havia feito reserva mas decidi ficar em um albergue que me haviam sugerido chamado Monkey Republic, que foi um dos mais legais e baratos que já fiquei. A diária custava mais ou menos U$3 nos quartos para 6 pessoas. O problema é que o mototáxi que me levou da parada do ônibus insistia em parar em outros aonde obviamente lhes ofereciam comissão. Mas bem, pouco depois cheguei ao Monkey Republic. Não conhecia ninguém e decidi ir pra praia. Estava sentado em uma cadeira de praia comendo alguma coisa e um pessoal de Israel me chamou pra formar dupla em um jogo de sinuca. Papo vai, papo vem e poucas horas depois já estávamos combinando de sair à noite!
A noite foi bem tranquila já que no dia seguinte eu queria acordar cedo pra fazer um passeio de barco pelas ilhas. Não daria pra dormir por lá pra ver a bioluminescência, mas ao menos daria uma volta. No passeio acabei conhecendo três holandesas, um canadense e um colombiano. Nadamos pelas ilhas, tomamos umas cervejas e combinamos de nos encontrar em um bar durante à noite. Eu decidi tirar um cochilo antes de sair e acabei acordando antes da hora. Como teria que sacar dinheiro acabei indo ao bar levando alguns dólares e o cartão. Levava também passaporte, celular e câmera fotográfica.
O bar era bem legal e totalmente relaxado, àquele clima europeu pela Ásia. Todo mundo de chinelo de dedo, sem tomar banho faz dias e litros e litros de álcool sendo despejados. O colombiano que eu conheci no passeio era barman, e nos passava os drinks na faixa. Acabamos ficando daquele jeito! Lá pelas 05:00 decidimos entrar na água e eu deixei telefone, passaporte, câmera e carteira na areia. Mas quando voltei não estava a câmera nem a carteira! Ao menos o ladrão foi gente boa e deixou o passaporte e a câmera (se tivesse perdido a câmera teria entrado em depressão). Caminhei essa praia umas cinco vezes buscando minhas coisas e nada. Obviamente não as encontraria, mas queria tentar. Não queria aceitar que eu tinha sido roubado. Resumo da história - passei à noite acordado. Uma das holandesas me emprestou o telefone e cancelei o cartão. E quando vi já eram quase 07:00 e eu tive que ir ao albergue buscar minha mochila e correr à parada de ônibus para seguir viagem rumo ao Vietnã.
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Trânsito normal em Ho Chi Min |
Meio jururu, demorei a dormir. Mas quando vi já estava na fronteira. A entrada foi bem tranquila, e em pouco tempo mais havíamos chegado ao destino final, que era Ho Chi Min, antiga Saigon. Havia escolhido um albergue bem próximo à parada, pra não precisar pegar táxi, chamado Saigon Backpackers. Mas não tinha nenhum mapa e não encontrava o lugar de jeito nenhum. Após pouco tempo desisti e esperei passar um mototáxi. Aliás, moto é o que mais há por lá. Mostrei o nome do albergue pra ele e confiei que ele me deixaria lá. O problema é que na maré do vacilo da noite anterior, não havia combinado o preço antes de subir na moto (erro elementar), não conhecia o câmbio já que não tinha mais celular (mais elementar ainda) e nem tinha a moeda local (nem vou comentar mais). Resumo, paguei em dólar e ele me devolveu o troco em moeda local, escolhendo o melhor câmbio pra ele. Eu já sabia que estava sendo enganado, mas sem saber a conversão não tinha muito mais a fazer a não ser perguntar se ele tinha certeza que estava correto pra ver se ele ficava com peso na consciência. Mas bem, encontrar um taxista com peso na consciência por enganar um passageiro seria um fenômeno que colocaria em risco toda a existência humana na Terra. E o pior é que o albergue ficava a 3 ou 4 quarteirões! Já era tarde e decidi comer qualquer coisa e capotar porque já eram cagadas suficientes para um dia.
No dia seguinte decidi começar o passeio pelo museu da Guerra do Vietnã. Eu estou acostumado a assistir a filmes que se passam nesse contexto, como Apocalypse Now ou Platoon. Mas o interessante do museu é que mostra a história do ponto de vista dos invadidos, e não dos invasores. O museu foi bem instrutivo e o que mais me chamou a atenção foram algumas fotos chocantes com soldados estadunidenses segurando cabeças de vietnamitas que haviam sido decapitados. Bem pesado mesmo!
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Se tudo der errado na vida eu ao menos aprendi a usar uma AK-47 |
Museu da Guerra do VIetna em Ho Chi Min |
Uma das fotos do museu |
Durante à tarde fui aos túneis Cu Chi construídos pelos Vietnamitas durante a guerra. Entramos nos túneis, que são muito claustrofóbicos e sem nenhuma iluminação. Mas o mais legal é que no final do passeio eles te levam a um campo de tiro militar e você pode escolher algumas armas pra dar uns tiros. A bala de AK-47 custa U$1 e há muitas outras opções que chegam até a disparar uma bazuca contra porcos ou vacas! Juro! Nunca havia tocado em uma arma na vida, mas decidi dar uns tiros de AK-47. Um militar te ensinava a usar a arma no melhor estilo deles: gritando na língua local e te empurrando pra que você faça uma boa postura. E a postura é muito importante porque o coice da AK-47 é incrível. Um dos viajantes que estava comigo conhecia bastante de arma e me disse depois que uma postura errada pode até deslocar seu ombro.
Durante o dia acabei encontrando o pessoal de Israel que havia conhecido no Camboja e também conheci uma menina da França no albergue e acabamos jantando por ali perto. Acabamos voltando bem tarde depois de umas partidas de sinuca, e teria poucas horas pra dormir antes de ir ao aeroporto.
Um tanque de guerra em Cu Chi |
Pelos túneis de Cu Chi |
Cagadas acontecem e o mais importante é aprender a lição pra não repetir o erro. O que aprendi é que viajando sozinho você é um alvo muito mais fácil pra tudo. E o melhor a fazer é planejar melhor as coisas: sair com mais antecedência, ter dinheiro e cartão guardado em lugares diferentes, dar preferência a táxis oficiais, ter cópias digitais e impressas de passagens e reservas e por aí vai.
Mas bem, a viagem segue. E a postagem também! De Ho Chi Min eu voei à Kuala Lumpur na Malásia.
Sudeste Asiático - Parte 3 - Kuala Lumpur, Phuket e Koh Phi Phi