quinta-feira, 18 de maio de 2017

A Croácia tem figurado cada vez mais na lista de viajantes e mochileiros do mundo inteiro. Afinal de contas, o país combina parques repletos de cahoeiras com cidades históricas banhadas pelo Mar Adriático. E, ao contrária da vizinha Itália, você não precisa se endividar para passar algumas semanas por lá. Ao menos, não por enquanto... Apesar da proximidade geográfica e um passado em comum com a Itália, durante a história contemporânea, a Croácia fez parte da Iugoslávia, o que acabou por distanciar o desenvolvimento desses dois países. Mas em 1991, a Croácia declarou independência e começou a seguir seu próprio caminho.

E foi pra conferir tudo isso que a Rocio e eu voamos à Zagreb, capital da Croácia. O plano era chegar e alugar um carro. Queríamos passar apenas um dia pela cidade, já que nosso maior interesse era conhecer os parques e as cidades históricas. Antes de ir, planejamos bem a viagem e reservamos o carro. O preço foi muito convidativo - ainda mais lembrando que o aluguel de carro anterior havia sido na Islândia e nos custou mais ou menos 100€ por dia - na Croácia, o aluguel custou 20€ por dia (tudo bem que na Islândia o carro era melhor por conta do clima e também por sermos quatro pessoas, mas mesmo assim a diferença é surpreendente). 

Apesar da Croácia ter entrado na União Européia em 2013, sua moeda ainda não é o Euro, mas sim a Kuna. Após desembarcar no aeroporto de Zagreb, fomos procurar o carro reservado. Tínhamos alugado um UP, entretanto, como não havia disponível, nos entregaram um Astra Wagon automático, que era muito melhor (ao menos na minha opinião). Eu fiquei contentíssimo, mas a Rocio se preocupou pelo fato do carro ser gigante e como éramos dois, não necessitávamos todo aquele espaço. Mais pra frente, eu veria que ela tinha razão...


Por Zagreb

Nos hospedamos no albergue My Way, que é muito bem localizado. Pagamos 8€ por pessoa, por noite, dividindo o quarto com dez pessoas. Apesar de não termos nenhuma expectativa quanto à Zagreb, a cidade me surpreendeu positivamente. Muitas ruas abertas apenas para pedestres lotadas de cafés e bares. O trolley coroa tudo isso com um charme bem legal. Me pareceu também bem segura. Se você, como eu, esperava uma grande cidade industrializada e cinza do Leste Europeu, não há como estar mais enganado. Zagreb é muito viva!

Começamos nosso passeio por Zagreb pela praça principal, Ben Jelačić. A praça é um ponto bem central e de lá tudo fica próximo. Entramos na catedral que começou a ser construída no século X. Caminhamos pelo parque Ribnjak e aproveitamos pra tomar umas cervejas na rua para pedestres, Tkalčićeva. Passamos pelo Stone Gate e nos surpreendemos com a igreja de São Marcos e os brasões no telhado. Em Lotrščak Tower, um canhão dispara todos os dias às 12h. Infelizmente, chegamos mais tarde, quando a torre já estava até fechada para subir. Lá próximo está o museu Broken Relationships, que é muito recomendado pelo Lonely Planet, mas também já estava fechando. Na volta, passamos pela Estação Central e pelo Art Pavillion. Terminamos o dia com uma pizza ao lado da albergue. Cansadíssimos, capotamos e tentamos dormir. E digo tentamos porque como havia mencionado, dividíamos quarto com mais oito pessoas e essa noite foi uma incrível sinfonia de roncos. 


Zagreb misturando o novo e o histórico

No dia seguinte, deixamos Zagreb e dirigimos em direção ao mais famoso parque da Croácia, Plitvice Lakes. A entrada durante a alta temporada custa 110 Kuna, 15€. O parque é bem legal com incontáveis cachoeiras e muitas trilhas. As rochas calcárias são a razão de formação de tantas quedas d'água e me lembraram Bonito e Semuc Champey (Guatemala). Só o clima que não cooperou muito, já que choveu torrencialmente durante quase uma hora. Fizemos a trilha C e levamos mais ou menos 5 horas para terminar o percurso, contando que parte do trecho é feito em barco e que paramos muito para tirar fotos e relaxar. O único ponto que não gostei do parque é que não se pode entrar na água. Para um goiano, é mais ou menos como ir à Chapada dos Veadeiros e ver as cachoeiras sem poder se jogar na água. Mas, entendo perfeitamente a razão, já que a quantidade de turistas que entrava no parque era gigantesca e poderia facilmente danificar algo, além de ser perigoso. Terminamos o dia dormindo na vila de Grabovac, que fica poucos quilômetros antes do parque.


A foto da foto de Plitvice
Cachoeiras em Plitvice

Começamos o próximo dia bem cedo dirigindo até Zadar. A viagem levou mais ou menos duas horas e me surpreendi com as estradas da Croácia assim como me surpreendi com Zagreb. Tudo em perfeitas condições. Em Zadar, apenas passamos a manhã, onde vimos o seu famoso órgão e as luzes. O espetáculo das luzes nem faz sentido ver durante o dia, mas o órgão é bem legal. São canaletas em que a água, empurrada pelas ondas, sopra criando os sons de um órgão. E o que mais gostei é que combina muito bem com a atmosfera do lugar de praia mediterrânea. Bem relaxante.


Escutando o órgão em Zadar

Após almoçar em Zadar, seguimos ao Parque Nacional Krka. Perdemos um pouco de tempo na chegada porque queríamos entrar por uma entrada chamada Lozovac, mas apesar de algumas placas, não conseguimos entrar por lá. Acabamos não procurando muito e fomos à entrada principal. Na entrada do parque decidimos alugar bicicletas para fazer o percurso que normalmente se faz em barco O aluguel das bicicletas custou 50 Kuna (6€) e o percurso levou 20 minutos. O Krka é uma versão menor de Plitvice, também com cachoeiras e trilhas. Porém a trilha é muito mais curta, de apenas 40 minutos. O legal é que lá se pode nadar, ao contrário de Plitvice. Apesar de que estava frio e chovendo, então acabamos não entrando. A minha dica pra quem está mais apertado de tempo e tem que escolher entre os dois é ficar com Plitvice mesmo.


Krka ou Plitvice?
Pelo Krka

Após o Krka, fomos à Šibenik. A viagem do Krka até lá durou apenas 20 minutos. Ao chegar à Šibenik pensamos que a cidade não era interessante já que a zona onde ficava o nosso airbnb tinha um trânsito bem pesado e nenhum atrativo. Mas, após conversar com os donos da casa, decidimos ir ao centro histórico. O casal foi muito amoroso, nos deu dicas importantes não só da cidade mas também da Croácia e nos ofereceu bebidas típicas do lugar. O centro histórico é muito bonito, todo cercado por um muro de pedra medieval. Aproveitamos e entramos no Forte de Saint Michael, a entrada custou 50 Kuna (6€). No resto do dia, caminhamos pelas vielas que ficam dentro da cidade murada.


Pelas vielas de Šibenik
Pôr-do-sol em Šibenik

No quarto dia da viagem, seguimos a Trogir. No caminho, passamos por vinhedos e oliveiras que produzem os vinhos e azeites típicos dessa região, chamada de Dalmatia. É a região mais turística do país, começando em Zadar no Oeste e indo até a divisa com Montenegro ao Sudeste. Trogir tem um centro histórico bem parecido com Šibenik, porém bem menor. O forte também é menor que Saint Michael e custa 25 Kunas (3) por pessoa. Acabamos não entrando. Passamos muito pouco tempo em Trogir. Foi apenas uma parada antes de seguir ao nosso próximo destino, Split.


Por Trogir

A viagem à Split foi curta, menos de 30 km. O problema que tivemos - e que me fez amaldiçoar o carro alugado - foi ao chegar à cidade. Como havia dito antes, ao alugar o carro eu fiquei bem contente com o upgrade (enquanto a Rocio não gostou, dizendo que o carro era uma banheira de tão grande). Geralmente, quando viajo uso um aplicativo de gps chamado Maps.me que permite baixar os mapas para uso offline. O problema é que esse aplicativo nem sempre é confiável. O caminho sugerido para chegarmos ao hotel nos levava pela parte murada da cidade, justamente a parte que é fechada para carros. Sem perceber, acabei entrando em uma viela e, quando me dei conta, tinha fechado o trânsito de pedestre dos dois lados. Ninguém me xingou, imagino que sabiam que só um turista babaca faria algo assim. Comecei a voltar de marcha ré e em um trecho muito apertado até bati o retrovisor do carro no retrovisor de outro.

O stress ainda não tinha baixado ao chegar ao albergue em Split, chamado Royal Guesthouse. O albergue era tão bom que a placa era uma folha de A4 escrita com lápis. Logo ao entrar, o atendente, que era um moleque de dez anos de idade, foi mal educado com a Rocio, dizendo que a foto do passaporte dela não era ela. Eu até ri um pouco, o que a deixou mais brava ainda (rs)! E pra coroar tudo isso com chave de ouro, esse foi o pior lugar que já me hospedei na vida! O nosso quarto tinha a luz queimada e tivemos que pegar um abajur do quarto ao lado, a janela não abria por estar na frente da cama e sacos de lixo se entulhavam pelo banheiro. Ao menos, o lugar era barato...


Por Split

Decidimos caminhar por Split pra ver se o stress baixava e acabamos fazendo muita coisa. Passeamos muito pelo centro histórico e o que mais gostei foi Diocletian's Palace e a Catedral e torre de St. Domnius. Esses lugares foram locações da série Game of Thrones e o lugar passa a mesma atmosfera da série. Nota-se que poucas modificações foram feitas para transformá-las em locação. Fomos também à praia de Bacvice, que fica a uma distância caminhável do centro da cidade. A praia foi bem legal e apesar da água ainda um pouco fria, de princípio de maio, 17 ºC, acabamos entrando. Aparentemente, a temperatura chega aos 24 ºC no ápice do verão, entre julho e agosto. O último lugar que fomos em Split foi a Fortaleza Klis, que também é uma das locações de GoT. Pareceu-me um pouco descuidada com bastante mato. Meio que apenas uma mina de dinheiro para lucrar com os fãs da série.

Após Split, era hora de passear pela ilha de Hvar, mas isso fica para o próximo capítulo!

Croácia - Parte 2 Final - Hvar, Dubrovnik e Kotor em Montenegro

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