sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Consegui alguns dias de folga de última hora e após conversar com uns amigos, aceitei a sugestão de ir à Califórnia e à Flórida. Já tinha ido algumas vezes aos EUA, mas nunca por esses lados. A Califórnia parece ser bem legal por tudo o que se vê na cultura pop e na verdade merecia mais do que apenas duas semanas por lá. De qualquer maneira, esse me pareceu um daqueles lugares que pelo mais que a visita seja curta, você sabe que vai voltar. E de preferência pra estar com amigos e com a patroa, alugar um carro e percorrer alguns parques e cidades bem legais. E pela Flórida seria apenas uma passagem rápida pra visitar uma amiga.


Com a famosa ponte Golden Gate ao fundo
Cheguei em São Francisco, e decidi pegar um ônibus até meu albergue. E nesse momento eu dei uma bobeira daquelas que você se arrepende por algum tempo. Saquei uns dólares no aeroporto e ao pagar o ônibus eu só tinha notas de U$50. Paguei a passagem e o motorista mencionou que eles não devolvem troco em dinheiro, apenas um vale que eu poderia usar depois. Pensei um pouco e achei que acabaria usando esse vale nos diversos meios de transporte da cidade visto que teria três dias pela cidade. Infelizmente o transporte público não é integrado e esse vale só funcionava para esse ônibus que vai e volta do aeroporto. Resumindo, minha ida ao albergue de ônibus custou mais do que se tivesse ido de táxi! Mas como só descobri esse depois, ainda levei um dia pra sentir raiva. 

Dor de cabeça à parte, cheguei ao albergue Orange Village, que escolhi pela localização e pelo preço. Desde lá dava pra fazer bastante coisa caminhando, o que era meu objetivo. O albergue saiu U$28 por noite.

Como cheguei por volta das 13:00 ainda dava pra fazer bastante coisa e eu aproveitei para ir à alguns lugares que sempre quis conhecer relacionados à cultura Beat. Na época da faculdade eu li praticamente tudo do Jack Kerouac. E lugares muito importantes para os beats estão em São Francisco, como a livraria City Lights, que fica próxima ao meu albergue. A livraria é muito menor do que eu imaginava, mas bem legal. Tive que entrar e comprar um volume de O Uivo do Ginsberg só pra constar. Fui também ao Museu Beat, que nem sabia que existia, porém ficava pertinho da City Lights. O museu é bem legal para os amantes do assunto. Lá estavam vários objetos dos membros mais conhecidos do movimento como: roupas, máquinas de escrever, versões antigas de seus livros e muito mais. Há também o carro que o Walter Salles usou na gravação de On The Road, e que curiosamente o doou para o museu com a condição de que ele nunca fosse lavado, mantendo ainda a poeira das filmagens.


City Lights


Versões antigas de O Uivo no Museu Beat

Aproveitei também para conhecer Chinatown. Pra quem conhece o bairro da Liberdade ou outros bairros étnicos em São Paulo, a principal diferença não é nem o tamanho, mas como a imigração no Brasil aconteceu no começo do século XX e hoje é quase inexistente, o que vemos é na verdade uma mistura da cultura desses povos com a nossa. Em Chinatown, pelo contrário, a imigração ainda existe e é forte. Você anda pelas ruas e escuta as pessoas conversando em chinês, menus de restaurante todos em Chinês e por aí vai. Eu que adoro esse tipo de experiência acabei gostando bastante. Acabei comendo uns dumplings, que nunca havia provado e gostei bastante.


Entrada de Chinatown

No dia seguinte decidi pegar um ônibus e ir à ponte Golden Gate. No ponto de ônibus acabei conhecendo uma chinesa e um colombiano que também estava viajando sozinhos. Papo vai, papo vem, e acabamos seguindo juntos à Golden Gate. Eu os convenci a alugar bicicletas e lá fomos nós pedalar pela Golden Gate. O que é meio ruim é que não há muita separação entre o espaço do pedestre e o do ciclista. Em vários lugares eu passava bem devagar. Outra coisa surreal eram alguns telefones públicos na ponte que pessoas que tinham ido lá para suicidar podiam ligar direto para conselheiros que tentariam convencê-los do contrário. De qualquer maneira, a ponte é incrível, muito bonita e bem longa. Após voltar, aproveitamos para tirar várias fotos e aprender como a ponte foi construída. Do lado da cidade, você pega as melhores vistas da ponte.


Decoração sugestiva de uma loja chamada Puff, Puff, Pass

Junto com o colombiano e a chinesa acabamos indo jantar juntos em Chinatown. O meu plano era que com uma pessoa que falava a língua eu conseguiria provar mais fácil alguns pratos bem locais. Infelizmente ela só falava mandarim e os menus e garçons de nosso restaurante só falavam cantonês. Achei que as duas línguas eram parecidas, mas que nada! Acabamos falando em inglês com eles.

No dia seguinte, já sem meus amigos, eu fui à outros lados da cidade conhecer outras partes da cidade. Fui à Haight-Ashbury, que é um bairro muito importante para a cultura hippie. Fiquei meio desapontado porque hoje há poucas marcas da cultura hippie por lá. Restam poucos lugares históricos e acabei nem ficando muito. De lá fui à famosa loja de discos Amoeba. A loja é gigante, cheia de CDs, DVDs, Vinis e tudo mais relacionado a música. Legal ver que mesmo com o sucesso do streaming, a loja ainda está de pé. Já eu, que sempre fui um grande amante da música, mesmo vendo cds raríssimos de algumas de minhas bandas favoritas, não tive nem vontade de comprar nada. Saindo da loja eu fui ao Parque Golden Gate, que é bem grande e fica no lado oeste da cidade. Achei que veria muita gente malhando, mas que nada. Todo mundo estava fumando maconha tranquilamente. Algo que eu não tinha dito, é que a maconha medicinal já era legal e pelo que li, era muito fácil conseguir uma receita. Uma dor de cabeça simples já era suficiente. 



O tamanho da Amoeba!

Parque Golden Gate

Durante à noite eu aproveitei para ir à área dos piers. Peguei o famoso bondinho, que tinha uma fila bem grande e segui em direção ao norte. Comecei por Fisherman's Wharf, comi umas coisas por lá, e segui caminhando. O local é bem movimentado e tem que ser visitado por todos que forem à São Francisco. Caminhei bastante por lá e olhando ao mapa parecia que não havia caminhado nada. Cheguei até ao Pier 39 e decidi voltar.


Um dos piers de São Francisco - não me pergunte qual...

O dia seguinte foi meu terceiro e último dia pela cidade. Comecei o dia passeando pelo bairro Castro, que é muito significativo para a luta por direitos dos homossexuais. O bairro tinha várias bandeiras com as cores do arco-íris e alguns locais históricos como o famoso teatro que leva o nome do Bairro. Porém, havia muitos moradores de rua. Aliás, isso é algo que não mencionei, mas a quantidade de moradores de rua era surpreendente, mais do que nas grandes cidades brasileiras. Na fila de um desses restaurante de comida grátis para moradores de rua em Castro, estava acontecendo até briga. Apesar da tristeza de ver tanta gente assim, o sentimento de estar entrando em um bairro perigoso é forte e decidi voltar.

Terminei o último dia em São Francisco comprando umas coisinhas. Próximo ao hotel há várias lojas grandes como Macy's, Apple e tudo mais. O que me surpreendi era a quantidade de consumidores brasileiros. As lojas até contratavam vendedores que falavam português. Bem, o câmbio de nosso país é uma gangorra, e nesse momento estava bom. Rodei bastante e as lojas eram gigantescas. Quando já estava cansado decidi voltar ao albergue para fazer o check-out e seguir ao aeroporto. Até pensei em usar o meu vale que ganhei na ida, mas tinha outras pessoas do albergue que queriam dividir um táxi e acabei indo com eles. Guardo o vale até hoje como lembrança.


O bondinho chegando

Gostei de São Francisco mas nada que seja muito incrível. Estive poucos dias por lá e conheci apenas estrangeiros. Quem sabe na próxima passagem.

Califórnia e Key West - Los Angeles

0 comments:

Postar um comentário

Populares

Seguidores

Total de visualizações de página